sábado, 31 de março de 2012

SEM HIPOCRISIA, COM MUITA CORAGEM

   Na seção Inspiração Gente, da revista CLAUDIA, do mês de março 2012, achei este interessante comentário sobre Eleonora Menicucci, a  chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres.

   Eleonora Menicuccil, amiga de Dilma, veio para agitar. Empossada na chefia da Secretaria de Políticas para as Mulheres, provocou os conservadores e instigou a sociedade a discutir os direitos sexuais
  O bombardeio foi intenso sobre a mineira Eleonora Menicucci, 67 anos, ministra da Mulher desde 9 de fevereiro. A ala dura do Congresso cogitou pedir à Presidência a demissão da socióloga depois que ela declarou ter feito dois abortos. Em meio ao zum-zum-zum, Eleonora se preparava para ir a Genebra, na semana seguinte, prestar contas ao Cedaw, um comitê da ONU. Lá reportaria o que o país tem feito para garantir o desenvolvimento da brasileira, incluindo o direito reprodutivo. Teria que admitir que no Brasil o aborto clandestino é a quarta causa de morte materna.
   Enquanto fechava o relatório, os oponentes reviraram sua biografia. Mestre, doutora, pós-doutora em saúde coletiva, pró-reitora da Unifesp, amiga de Dilma dos tempos de menina, parceira na luta armada, na prisão e, também, uma cidadã que se relacionou com homens e mulheres. Mais uma verdade: ela se orgulha de ser "avó dos direitos reprodutivos", por ter uma filha homossexual, que se tomou mãe em inseminação artificial.
   A coragem de se assumir não garante boa gestão. Mostra, no entanto, sintonia com um Brasil real como este - todas nós temos por perto uma mulher que abortou. Em silêncio, não achamos justo pôr na cadeia essa amiga, irmã ou filha, como manda a lei. A franqueza pode render ganhos. "Quando uma ministra se revela dessa forma, acaba com a hipocrisia", diz o demógrafo José Eustáquio Diniz, da Escola Nacional de Ciência Estatística do IECE. 
  O professor Custavo Venturi, do Departamento de Sociologia da USp, afirma que "faz o governo, ver que ele é para todos, mas não deve tratar todos de forma  homogênea; as pessoas têm interesses divergentes". 
    A  ex-vereadora de São Paulo Sonia Francine (PPS) prefere  saber o que pensa o político. "Só não quero que  ela  chegue com o pé na porta, mas negocie." Fátima Jordão, socióloga, acredita que Eleonora fará as lideranças  analisarem a situação. "As elites não veem que clínicas clandestinas são os quilombos do século 21, para onde 1 milhão de brasileiras corre a cada ano."
                                                  (Patrícia Zaidan)

Um comentário:

  1. Caríssima Iara!
    Fico feliz (não imagina o quanto) de saber que tenha gostado da minha crônica.
    Já visitei o seu blog algumas vezes e percebi o tamanho da qualidade de seus textos literários.
    Mais que isso, além de escrever sobre a nossa literatura, você também seleciona textos fantásticos, que são importantes para os leitores virtuais.

    Grande abraço e parabéns pela atividade literária!

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