domingo, 30 de abril de 2017

O CADEADO DA PRAÇA

  Pus a mãos na tela para amparar minha perplexidade: alguém jogou uma bomba na praça da minha infância.
   
    Eu não sei o nome daquela praça que há em frente ao Hospital de Caridade, mas nós a chamávamos de pracinha do hospital. Tinha gangorra, escorregador, balanço, caixa de areia e roda giratória. Tudo bem simples, de madeira e ferro, mas pintado com cores pri-márias, dando ainda mais vida àquele lugar fervilhante de crianças de todas as idades. Eu brinquei muito ali com meu irmão. Minha irmã caçula, 12 anos mais moça do que eu, pas-sava as tardes brincando ali. Quando tive meus filhos, eu fiz questão de trazê-Los para conhecer o lugar que me remetia ao encantamento da infância. Meu irmão fez o mesmo, e os filhos de minha irmã também brincaram muito na pracinha do hospital.
    Na semana passada eu quis ir até lá com minha mãe para lembrarmos juntos o tempo que passamos fazendo castelos de areia com um baldinho de plástico azul e duas pazi-nhas amarelas. Foi na pracinha do hospital que eu e minha mãe lutamos de capa e espada contra vilões malvados, enfrentamos dragões e bruxas, decolamos em foguetes espaciais ou simplesmente sentamos num banco para descansar e sentir o afago de uma cidade que nos abraçava oferecendo o colo da convivência. Em vez disso tudo, encontramos um cadeado no portão.
   Pus as mãos na tela para amparar minha perplexidade: alguém jogou uma bomba na praça de minha infância. Em um terreno morbidamente vazio, há quatro ou cinco montes de entulho. Enxergo neles, a sepultura de cada brinquedo.
   Quem permitiu transformar a pracinha do hospital num cemitério de escorregadores e gangorras? Uma praça trancada a cadeado é um símbolo poderoso. A gestão pública está nos dizendo que a cidade não nos pertence. Ao negar-nos o espaço do convívio, A prefei-tura rouba das crianças a oportunidade da partilha, do aprendizado que o contato humano proporciona, do acontecer solidário que ocorre toda vez que famílias se encontram para brincar com seus filhos. Uma praça fechada é uma afronta à cidadania. Não há justificativa para isso. Não me venham falar em crise ou falta de dinheiro.
   Para um burocrata, pode até ser que uma praça fechada seja um item da planilha do corte de despesas. Mas, se eu fosse prefeito e me deparasse com um cadeado no portão, eu rasgaria a planilha, mandaria arrebentar a corrente e iria pessoalmente para o meio do terreno, empurrando um caminho de mão, para dar início à retirada do entulho e à ressur-reição dos balanços sepultados pela inépcia e pelo descaso. Não é a falta de dinheiro que decreta a falência de uma comunidade. Uma cidade que impede seus moradores de entrar numa praça é que é uma cidade falida. Espero, sinceramente, que o novo prefeito tenha peito de governar arrebentando cadeados.

(Marcelo  Canellas – Diário de Santa Maria, 25/09/2016)

quinta-feira, 13 de abril de 2017

PÁSCOA



Há  mais de dois mil anos atrás, um homem veio ao mundo 
disposto a ser o maior exemplo de amor e verdade que a 
humanidade conheceria.

Sua proposta de vida não foi entendida por muitos e, então, 
condenaram este homem e crucificaram-no, ignorando todos
 os seus propósitos de um mundo melhor.

Houve dor, angústia e escuridão.

Por três dias, o sol se recusou a brilhar, a lua se negou 
a iluminar a Terra, até que, no terceiro dia, algo aconteceu...

Houve a ressurreição!

A Páscoa existe para nos  lembrar deste  espetáculo 
inigualável chamado “ressurreição!”

                                                 Páscoa                                                             

                                   Ressurreição  do  sorriso...

                              Ressurreição  da alegria de viver...

                                                     (www.belasmensagens.com.br/mensagens-de-pascoa.php)


quinta-feira, 6 de abril de 2017

O PROPÓSITO DA VIDA

    Todos nós buscamos a tal da felicidade. Pessoas passam a vida inteira procurando es-se sentimento sem nunca conseguir vivê- lo plenamente. Uma pena, pois, segundo os sá-bios da Índia, ele está mais perto do que podemos imaginar: mora dentro da gente, em nossa verdadeira essência. Encontrá-lo exige bastante dedicação.
    Ensinam os mestres que cada um de nós tem um propósito especial na vida. Trata-se de um talento único que deve nortear todos os nossos pensamentos, palavras e ações. Um indivíduo só consegue encontrar a real felicidade, no sentido mais profundo da palavra, ao descobrir seu verdadeiro dom e viver em concordância com ele. Mais do que isso: nós, se-res humanos, só podemos experimentar o êxtase da vida, uma condição sublime e, infe-lizmente, vivida apenas por poucos hoje em dia, quando nos tornamos capazes de usar tal dom especial para promover o bem ao próximo. Esse é, na verdade, o maior objetivo da vi-da, a exaltação do espírito.
    Vivenciar esse propósito e cumprir sua missão é a única maneira de evoluirmos. O nas-cimento de um filho, portanto, é uma grande oportunidade para o crescimento. Ao mesmo tempo, trazer um ser humano à vida é uma enorme responsabilidade. Costumo dizer que a maior função dos pais é observar os filhos com cuidado e amor para ajudá-los a identificar e compreender seus dons. Cabe a eles ainda orientar os rebentos no cumprimento de seus desígnios para que vivam em paz e bem-estar. Dessa maneira, estão não só trabalhando pelo bem da própria família mas contribuindo para um mundo com mais alegria e justiça. 
    Agora  você  deve estar  se perguntando:  "Como é possível encontrar meu verdadeiro
dom?". Ou ainda: "Como faço para saber se estou agindo de acordo com meu talento?". Fazer essas perguntas é o primeiro passo dessa busca. Afinal, mostra que você tem interesse pelo auto conhecimento. Não importa sua idade, nunca é tarde para começar a procurar. Inicie prestando atenção em você. Parta para uma jornada espiritual em busca do
seu verdadeiro eu, da sua  verdadeira  natureza. Observe  e  analise  suas  características,
suas preferências, suas ações, o modo como se relaciona com as pessoas que ama, com seu trabalho. Para onde tais atitudes conduzem você?  Onde  e  como  se  sente mais feliz,
mais serena? E, por outro lado, onde estão os conflitos? De que forma acredita fazer a di-f-rença para a comunidade em que vive? Você encontra sentido em suas ações?
    Se sua busca for diária e persistente, não tenho dúvidas de que você identificará ações
e atitudes em que se destaca e que a deixam tão absorvida que mal é possível notar a passagem do tempo. Estamos no mundo para a jornada de autoconhecimento e, por meio
dele, de autodesenvolvimento. Esse deve ser nosso objetivo maior. Você terá certeza de que encontrou seu propósito quando a vida lhe parecer leve como uma pluma. Tédio, apatia ou cansaço não farão parte da sua realidade. Imagine como seria o mundo se cada um vivesse em sintonia com sua essência e ainda a estivesse usando para o bem do próximo.
    Nossos corações são moradas habitadas por deuses à espera de uma chance para ser libertos. Não perca essa oportunidade.

(MARCIA  DE  LUCA – revista CLAUDIA, março de 2017)