domingo, 29 de abril de 2012

UM EUROPEU PERDIDO NOS TRÓPICOS


   Enquanto há livros e até filmes sobre D. Pedro  I, pouco se comenta e se sabe sobre o seu filho D.Pedro II, pois os livros sobre a história brasileira limitam-se a informações sobre o seu papel como governante. Sempre tive curiosidade sobre este personagem e ela foi aguçada ao ler os livros "1808" e "1822", escritos  por Laurentino Gomes. Assim, quando enviei um e-mail a ele, parabenizando-o pelas duas obras, aproveitei para pedir que me indicasse um bom livro sobre D. Pedro II. E é baseada  no livro indicado por ele (D. Pedro II, de José Murilo de Carvalho) que vou fazer um comentário sobre o personagem.


D. Pedro  II  foi Imperador do Brasil por  49 anos, 3 meses   22 dias, num longo governo iniciado em 23 de julho de 1840 e concluído em15 de novembro de 1889.  Somente a rainha Vitória, da Inglaterra, superou-o em tempo de reinado (64 anos)e, agora, em 2012, a rainha Elizabeth II, da Inglaterra, ao completar 60 anos de seu reinado. 
    Ele subiu ao poder ainda muito jovem, com menos de 15 anos, numa época muito agitada, de revoltas em várias partes do país, inclusive a nossa Revolução Farroupilha. Entretanto, ao ser deposto e exilado, em 1889, com 64 anos, estava consolidada a unidade do país,  a abolição da escravatura fora feita, estavam estabelecidas as bases do sistema representativo através de eleições e havia grande liberdade de imprensa.D. Pedro II marcou profundamente a história do país, devido às transformações que efetuou durante 
   Era um tipo bem europeu: alto (1,90m), loiro, olhos azuis, barba espessa e prematuramente branca. Sua infância marcada pela orfandade: a mãe , Dª Leopoldina, faleceu quando estava com um ano de idade e o pai, D. Pedro I, foi obrigado a sair do país quando ele tinha nove anos, deixando-o e às suas três irmãs Januária, Paula Mariana e Francisca; tendo a mais velha, Maria da Glória foi com o pai, pois estava destinada a ser rainha de Portugal. A partir daí, o jovem príncipe viveu nas mãos de tutores, governantas  e mestres, que lhe deram uma educação rígida, com a finalidade de fazer dele um chefe de Estado perfeito, sem paixões, escravo das leis e do dever. E D. Pedro passou a vida procurando ajustar-se a esse papel , exercendo com zelo um poder que o destino colocara em suas mãos.      
  Porém, escondido atrás do Imperador, vivia um outro homem: o cidadão Pedro de Alcântara, um ser humano sofrido devido às  tragédias domésticas, que possuía contradições e paixões, que amava as ciências e as letras, detestava as pompas do poder, e cujo maior prazer era viajar, pois no Brasil, ele era o imperador Pedro II; viajando pela Europa e Estados Unidos, era o cidadão Pedro de Alcântara.  
    Somente um fato mantinha unidos esses dois homens: a grande paixão pelo Brasil, que permitiu ao homem que carregava dentro de si estes dois seres tão diferentes dedicar-se integralmente e com persistência à tarefa de governar o país por tão longos anos. “E ele fez isto com os valores de um republicano, com a minúcia de um burocrata e com a paixão de um patriota. Foi respeitado por quase todos, mas não foi amado por quase ninguém”
      Mas por que isso aconteceu? Porque D. Pedro II era um homem avesso ao tipo de vida na corte: não adulava os nobres, ricos e importantes, oferecendo festas e banquetes, sessões de teatro e cerimônias que os fizessem viver ao redor do imperador, bajulando-o (detestava e achava enfadonhas as ocasiões em que era obrigado a comparecer a tais eventos). E, como quase não saía de casa a não ser quando realmente necessário, também o povo  não se aproximava muito dele.  
    No aspecto político conseguiu realizar muitas coisa, embora lentamente, pois, como ele  dizia, tudo andava devagar demais no Brasil. Na formação dos gabinetes de governo, cuidava em dar vez tanto aos conservadores quanto aos liberais e escolhia seus chefes do ministério pela competência que tinham em conciliar e ter atitudes firmes. Fazia  reuniões constantes com os ministros e participava de todas as decisões a serem tomadas. Várias vezes viajou pelo Brasil com intenções políticas: de São Paulo ao Rio Grande do Sul, a fim de prestigiar a província e assegurar a sua lealdade ao Império ; pelo interior do Rio de Janeiro e São Paulo, para fazer contato com os barões do café e do açúcar, as duas grandes riquezas da época; o Norte do país ( na época, da Bahia para cima era Norte), em 4 meses de andanças do Espírito Santo à Paraíba. 
    Nessas ocasiões, suportava as cerimônias oficiais, as quais detestava, e, mal se livrava delas,dedicava-se ao que mais gostava de fazer: visitar igrejas, conventos, hospitais, fábricas, escolas, prisões, quartéis, para ver como funcionavam, anotando tudo que achava errado. Todas estas viagens foram  descritas num diário pelo próprio Imperador. Nessas viagens foi sempre acompanhado pela imperatriz e por um grupo que cuidava de sua saúde e bem-estar (camareiro, mordomo, médico, padre).  
     Entretanto, as viagens que mais o fascinavam eram as feitas ao exterior. Sempre teve encantos pela Europa e visitou várias países: Portugal, França, Inglaterra, Bélgica, Espanha, Alemanha, Áustria, Itália Suíça. E também esteve no Egito. Nessas viagens todas,  fazia questão de visitar instituições de cultura, educação e ciência, lugares históricos e visitar personagens do mundo cultural, como Victor Hugo, Camilo Castelo Branco, Taine, Pasteur. Procurava fugir das homenagens, pois dizia que quem estava lá era o cidadão Pedro de Alcântara e não o imperador Pedro II. Por isso,  suas viagens eram custeadas pelo próprio bolso, através de empréstimos pessoais que fazia, e não pelo governo brasileiro. 
     Também visitou os Estados Unidos, onde entrou em contato com os escritores, cientistas e políticos da época (Longfellow, Agassiz, Whittier, Theodore Roosevelt, Sherman, Grant...). Lá sua rotina de viagem sempre foi a mesma: visitas a universidades, escolas, institutos de ciência e cultura, locais históricos importantes, sessões de academias, pois era um eterno apaixonado pela cultura e conhecimento.   Todas essas viagens realizadas por ele, estão registradas em diários ou em cartas escritas a familiares e amigos íntimos.
    D, Pedro era um leitor voraz: lia de tudo e em qualquer lugar (em casa, nos navios, nos hotéis, nos trens) e fazia com que outros lessem para ele. Fazia anotações nas margens dos livros que lia e era dotado de uma memória prodigiosa que lhe permitia guardar o que lia.  A declaração mais clara de sua vocação para as letras, as artes e a ciência está no seu diário de 1862: "Nasci para consagrar-me às letras e às ciências, e, a ocupar posição política, preferiria a de presidente da República ou ministro a de imperador. Se ao menos meu pai imperasse ainda, estaria eu há 11 anos com assento no Senado e teria viajado pelo mundo". Estão aí afirmados uma vocação, um desgosto e um prazer: a vocação para as ciências e as letras, o desgosto de ser imperador, o desejo de viajar. Passou boa parte da vida tentando combinar esses desejos com os deveres.
    Essa mesma paixão pela leitura ele dedicava à escrita. Deixou 43 cadernos de diários, em que descrevia minuciosamente suas viagens no Brasil e no exterior e os dias de exílio. É enorme o volume de correspondência com políticos, sábios, artistas, amigos e amigas.
   Tinha predileção pelo aprendizado de línguas, no que era ajudado pela memória fabulosa. Falava latim, francês, alemão, inglês, italiano, espanhol. Lia grego, árabe, hebraico, sânscrito, provençal, tupi-guarani. Fazia traduções do grego, do hebraico, do árabe, do francês, do italiano, do inglês.
    D. Pedro possuía um do genuíno interesse pelo cultivo e promoção da cultura, demonstrado durante toda a vida. Distribuiu bolsas de estudo e auxílios para experimentos, fez doações a instituições educacionais e científicas. Doou 100 mil francos para a criação do Instituto Pasteur, doou coleções ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, doou à Biblioteca Nacional sua coleção de fotos, concedeu pensão à família do ator João Caetano, financiou a publicação de obras de Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães. Protegeu muitas instituições de ciências, fundou a Escola de Minas de Ouro Preto. Gostava de assistir a tudo que era concurso público. Nas escolas, era o pavor dos professores, porque acompanhava suas aulas e examinava os alunos, do primeiro grau ao ensino superior. Também escrevia poesias, mas reconhecia não ser bom nessa atividade.
     Por tudo isso, pode-se dizer que d. Pedro foi um erudito. Mas não foi um sábio, nem um cientista, nem um filósofo. Adotava com entusiasmo as inovações tecnológicas da época.  Desde a  juventude foi interessado    pela fotografia e, a partir da visita à exposição de Filadélfia, interessou-se também pelo telefone. Financiava alguns experimentos, tinha seu pequeno observatório em São Cristóvão. Na viagem aos Estados Unidos,informou-se sobre fábricas, máquinas e novas tecnologias, pretendendo implantá-las no Brasil. Seu apoio à ciência, às letras e às artes, à educação e à técnica foi um exemplo importante num país de 80% de analfabetos. O pouco que se fez no Brasil no século XIX nesses campos deve-se muito a ele. Projetou  no exterior a imagem de um chefe de Estado culto e mecenas, em contraste com os generais e caudilhos toscos que povoavam a política da América Latina.    Em seu funeral, boa parte do mundo intelectual e científico de Paris estava presente.  
     Uma característica importante da personalidade de D. Pedro II era a de não ser ligado a dinheiro. Recebia uma dotação modesta do governo, com a qual eram mantidos o palácio e os gastos, inclusive  os de suas viagens dentro do país.Suas viagens ao exterior eram custeadas com empréstimos feitos por ele mesmo, pois se recusava a usar dinheiro público. Grande parte dos seus gastos eram com esmolas, doações a entidades beneficentes e científicas, pensões (correspondiam ao que hoje se chama bolsas de estudo) que financiaram os estudos de 65 jovens do ensino básico e médio no Brasil  e 41 para estudarem no exterior. E para comprovar seu desapego ao dinheiro, ainda era distribuído aos pobres o lucro da Fazenda de Santa Cruz, da propriedade da Coroa.   
     Após sua deposição, no dia 15 de novembro de 1889, foi para a Europa, acompanhado pela família e por um grande número de  amigos (alguns deles levando junto a própria família).Quando lhe perguntaram por que não resistira à rebelião militar, respondeu: “Resistir para quê? O Brasil há de saber governar-se, não precisa de tutor.”  Recusou os 5 mil contos de ajuda oferecidos pelo governo provisório como ajuda de custos. 
    Chegado a Portugal, em seguida sofreu o desgosto da morte da esposa, Dª Teresa Cristina, o que o abalou profundamente, pois se afeiçoara muito a ela nos 46 anos de convivência. Ele viveu o seu exílio em peregrinações por estações de águas, casas de amigos e hotéis de segunda categoria. Suas companhias constantes eram o médico, um professor e o mordomo. Recebia muitas visitas: de admiradores fiéis e ex-ministros, inclusive de generais argentinos e uruguaios que conhecera na época da Guerra do Paraguai, da qual participou como voluntário.     
     Em 1891, mais um desgosto veio abalar a sua já frágil saúde: a morte da condessa de Barral, que se tornara sua amante na época em que fora tutora de suas filhas Isabel e Leopoldina. Essa relação se tornou um amor e amizade para toda a vida: mesmo distantes estavam sempre em contato por cartas. Em outubro do mesmo ano, em Paris, uma pneumonia veio a piorar ainda mais seu estado de saúde, que já era bastante desgastado pela diabetes, os efeitos da malária e de complicações hepáticas. No dia 4 de novembro, entrou em agonia e morreu no início do dia 5, aos 66 anos, dois anos após a sua deposição do governo.  
     Foi grande a repercussão de sua morte. Às cerimônias fúnebres, compareceram representantes das outras casas reais europeias, representantes de governos, inúmeros brasileiros, membros de várias entidades culturais e científicas, a ponto de Joaquim Nabuco dizer que a nave da igreja parecia abrigar um congresso do espírito humano. O governo brasileiro não se fez representar. Seu corpo foi levado de trem para Portugal e sepultado perto de Lisboa, no jazigo da família Bragança, entre o da madrasta, Dª Amélia e o da esposa, Dª Teresa Cristina. (Seus restos mortais, assim como os de sua esposa, seriam depois  trazidos ao Brasil em 1921, a tempo do ce     Nos Estados Unidos, o “New York Times”, do dia 5 de dezembro, não poupou elogios. Em texto de duas colunas, reproduziu a frase de Gladstone, segundo a qual D. Pedro seria o governante modelo do mundo e acrescentou outros louvores por conta própria. D. Pedro, segundo o jornal, foi "o mais ilustrado monarca do século" e "tornou o Brasil tão livre quanta uma monarquia pode ser".
       Os adversários brasileiros do imperador, criticando sua política, ressaltavam sempre seu patriotismo, honestidade, desinteresse, espírito de justiça, dedicação ao trabalho, tolerância, simplicidade. O republicano José Veríssimo salientou que a maior dívida do Brasil com D. Pedro era a atmosfera de liberdade que proporcionara às atividades do espírito. Em seu governo, resumiu: "Todos pensávamos como queríamos e dizíamos o que pensávamos. Eu não sei que maior elogio se possa fazer a um estadista."

 (D. Pedro II - José  Murilo  de Carvalho - Coleção  Perfis  Brasileiros. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            

domingo, 22 de abril de 2012

EDUCAÇÃO À FRANCESA


  As mulheres francesas não engordam, sabem seduzir um  homem  e  criam  os  filhos  mais  bem-educados do planeta, segundo a jornalista americana Pamela Druckerman. Ela revela, num best-seller, o segredo do jeito francês de educar: preservar os direitos dos pais.

   Lendo a seção “Sua opinião” da revista Claudia, verifiquei que uma das reportagens que fez mais sucesso entre as leitoras foi a intitulada “Aulas de Francês", de Rosane Queiroz, publicada na seção “Família e filhos”. A reportagem aborda um livro publicado pela jornalista americana Pamela Druckerman, que viveu durante dez anos em Paris, com o marido e três filhos pequenos (uma menina e um casal de gêmeos).
    Ao frequentar restaurantes com a família, ela ficava abismada ao ver crianças francesas comendo sem se sujarem e sem interromper os adultos, enquanto os filhos dela solicitavam atenção o tempo todo e faziam birra com a comida. Pamela, então, resolveu investigar as origens do comportamento civilizado das crianças francesas e descobriu que estava na forma como as mães francesas criam os filhos. O resultado da pesquisa está no livro que ela escreveu e se tornou best-seller: “French Children Don’t Throw Food” (Crianças Francesas Não Jogam Comida no Chão”).
   Qual é o segredo, então, das francesas? Elas não vivem em função dos filhos e nem tratam as crianças como pequenos reis. Elas não toleram birras, não negociam, nem passam o fim de semana acompanhando os pequenos em parquinhos ou festas infantis. Em resumo, educam, mas conseguem manter a vida adulta sem transformar seu mundo num playground.
    "Para ser um tipo diferente de mãe, você precisa de uma visão diferente sobre o que uma criança realmente é", decreta ela, logo de cara.
   Segundo Rosane Queiroz, a carapuça, em boa parte dos casos, serve para as mães brasileiras, pois a educação  aqui é  baseada  mais pela americana do que pela europeia, como observa a psicopedagoga Ceres Alves de Araújo, da PUC de São Paulo. "As francesas sabem dizer não e ponto", afirma Ceres, que morou em Paris e viu como lá a "criança é tratada como criança". Para a psicopedagoga, o problema é que na cultura americana os pais se perdem em longas explicações desnecessárias para os filhos pequenos. "Até os 5 anos, a criança nem sequer entende tantos argumentos. Basta dizer não", aconselha. Se houver réplica, Ceres sugere a resposta: "Porque sou sua mãe e sei o que é melhor".
    Depois, na adolescência, quando caberia esticar a conversa,  muitos pais, exaustos, optam pelo "não e ponto". "São comportamentos invertidos. A criança precisa ser obediente na infância para na adolescência se tomarem um ser desobediente."
     A alimentação, tema crucial para a maioria das mães do planeta, é uma  das questões que PameIa Druckerman  aborda. Segundo ela, as francesas prezam os horários fixos para as refeições, sempre à mesa, começando com uma salada e terminando com queijo. As crianças comem uma versão encurtada do menu dos adultos e são encorajadas a provar de tudo. Não existem cardápios  diferenciados ou a hipótese de preparar outro prato porque naquele dia não tem nada que o pequeno goste. Comida, na França, não envolve jogo emocional. "Os pais preparam as refeições com calma e ingredientes frescos. As crianças aprendem a respeitar o alimento", diz a francesa Eileen Leazeau, secretária executiva que vive há 21 anos nos Estados Unidos e é mãe de três adultos.
   Outro ponto é o  horário de ir para a cama, um outro drama tratado com sabedoria à francesa. Enquanto nos Estados Unidos (e aqui!) os pais passam meses sem dormir para atender o bebê no meio da noite, os franceses aguardam até dez minutos para ter certeza de que a criança está realmente infeliz. Eles se permitem acreditar que o pequeno pode estar apenas resmungando ou sonhando. Ou que logo voltará a dormir. "Pais que se revezam no quarto do filho criam um condicionamento inadequado", acredita Ceres.
     Sob diversos aspectos, como o da boa educação, os franceses esperam mais de uma criança, ainda que ela seja apenas uma criança. Isso significa que os pequenos não só devem dizer "por favor" e "obrigado", mas também bonjour e au revoir aos adultos.
      As crianças francesas ainda aprendem a esperar, seja em nome da paz doméstica, seja para evitar constrangimento social. Os pais, ali, se empenham em combater o caos criado pelo mundo infantil e preservar os "direitos" paternos. Ceres aprova. "Aqui, vivemos a era do “filiarcado”, em que os filhos reinam", critica ela.
   Ensinar as crianças a lidar com a frustração é a regra máxima do livro de Pamela Druckerman, ainda sem data para publicação no Brasil. Na abordagem francesa, os pais estabelecem uma "moldura" de limites. A imagem sugere fixar regras, mas com certa liberdade dentro delas. Com a moldura definida, as necessidades dos adultos permanecem, ao menos, no mesmo nível que as das crianças.
     Criar filhos é apenas parte do plano, e não um projeto de vida. A certa altura, tudo parece funcionar bem demais para ser verdade. ''Talvez Pamela seja muito afirmativa", diz Ceres. Mas, como o livro é narrado com humor e certa ironia, a autora se redime de possíveis deslizes e passa uma mensagem libertadora para aquelas que ainda veem os filhos arremessando batatas fritas:.”
     "Mesmo boas mães podem não viver a serviço constante das crianças, e não há razão para se culpar por isso", ensina Pamela.

Limites à francesa
 · As crianças devem dizer: olá, tchau, obrigada e por favor. Isso vai ajudá-las a entender que não são as únicas com sentimentos e necessidades.
· Quando elas se comportarem mal, use a tática dos "olhos  grandes" - um olhar muito severo de repreensão.
· Lembre seus filhos de quem é o chefe. Pais franceses dizem: "Sou eu quem decide".
· Não tenha medo de dizer não. As crianças precisam aprender a lidar com alguma dose de frustração.

     Penso que o  livro de Pamela parece ser muito interessante e útil para uma sociedade em que os pais estão perdendo o controle sobre os filhos pela falta de imposição de limites para o seu comportamento. 


sexta-feira, 20 de abril de 2012

O SONHO NOSSO DE CADA DIA


    O trabalho de pesquisa sobre as novelas de cavalaria do período do Trovadorismo na Literatura Portuguesa despertaram-me  o desejo de reler mais uma vez As Brumas de Avalon, romance que causou enorme sucesso nos anos 1980, quando a escritora americana Marion Zimmer Bradley lançou os quatro volumes que constituem a obra, a qual conta de forma romanceada a história do Rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda, desde os acontecimentos e tramas que levaram ao nascimento de Arthur até a sua morte, selando o destino da mítica Avalon.
      E confesso que foi com um sentimento de pena que cheguei ao final. Pena de me afastar daquele mundo de magia, de sonho, de misticismo em que a história está envolta. E isso me fez refletir sobre a atração que temas desse tipo exercem sobre as pessoas. Creio que é um reflexo do lado infantil que permanece em todo o ser humano, que vem lá da época em que, crianças, deixávamos aflorar a nossa imaginação, inventando brincadeiras de faz-de-conta, imaginando fatos, despertados, talvez, para o mundo da fantasia pelos contos de fadas e outras historinhas infantis que nos são contadas pelos adultos.
    Todas as pessoas têm em si essa atração pelo místico, pelo fantasioso, que sempre mexeu com a imaginação do ser humano. O mundo da fantasia sempre existiu e sempre existirá.  Basta verificar o quanto têm encantado as crianças, os jovens, e até os adultos, os filmes  dos últimos anos, baseados em livros ou não, como a trilogia de “O Senhor dos Anéis”, com seus homens corajosos, bruxos, elfos, anões, fantasmas, monstros;  as aventuras incríveis do bruxinho Harry Potter e seus amigos  enfrentando os seres do mal; os estranhos seres azuis de “Avatar”; as lutas e os amores entre vampiros, humanos e lobisomens da série iniciada com “Crepúsculo. E os heróis como Super-Homem,Batman, X-Men e outros? Eles enchem  os cinemas e movimentam as locadoras de vídeo.
       É a sede de fantasia, de sonho, do mundo do “faz de conta”, em que a tecnologia virtual  trouxe inspiração para os escritores e fonte de roteiros para os cineastas, para suprir esta necessidade humana de saciar a imaginação, o mundo da fantasia.  Incluem-se aqui, ainda, o gosto tão popular pelas novelas de televisão, que são acompanhadas atentamente e seus personagens comentados como se fossem reais, ao ponto de alguns atores serem quase agredidos nas ruas devido às atitudes dos personagens que interpretam na telinha.
     É o imaginário do “homo sapiens” sendo mexido pelo fantasioso. É o nosso “cantinho secreto” do sonho sendo atingido por uma centelha da fantasia. Porque, pensemos, bem, o que seria de nós, pobres batalhadores de cada dia, se não tivéssemos a capacidade de sonhar?! Imaginem o que seria do ser humano se ele não tivesse a imaginação? Se ela não existisse, como poderíamos criar metas para a nossa vida, criar uma imagem de um futuro que ambicionamos para nós e aqueles que fazem parte da nossa vida?
       Paremos um pouco e pensemos em como seria um mundo em que não tivéssemos a capacidade de sonhar, um mundo que fosse só trabalho, só realidade, só pé no chão. Acho que enlouqueceríamos! Principalmente num mundo como de hoje, em que o dia a dia é luta pela sobrevivência, competição, violência entrando pelos olhos e ouvidos a todo instante. Se não tivéssemos a capacidade e a oportunidade de fugir um pouco dessa realidade dura e, às vezes, chocante; se não tivéssemos a capacidade de sonhar com uma realidade melhor, com um mundo melhor, creio que perderíamos o estímulo de viver!
        Por isso, a capacidade de sonhar é que leva as pessoas  para a frente, move o mundo, mantém a sanidade mental do homem. Afinal, não teríamos chegado onde chegamos sem os "loucos maravilhosos"  e suas incríveis invenções! 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

UM HOMEM

   Da seção Conversa com Danuza, da revista CLAUDIA, de abril de 2012.

   Afinal, homem serve pra quê? Ah, para uma porção de coisas, e todas ótimas. Para namorar; por exemplo, ainda não se descobriu nada melhor.Pensar neles, sonhar com eles, fantasiar  a vida ao lado deles às vezes é quase tão bom quanto estar com eles.
    Homem é para realçar a vida das mulheres. Mas como saber se ele está cumprindo sua função? Simples. É quando você começa a se enfeitar; troca de penteado, capricha na depilação, compra um sapato de salto alto, faz ginástica e passa fome só para agradá-lo. Se você faz tudo isso - e com a maior alegria - é porque ele merece. Um homem que nota quando você está triste, se a perna está mais durinha e se o vestido é novo é muito, muito estimulante.   
   Um homem para quem você volta do trabalho correndo e, mesmo exausta, passa no supermercado para comprar a manteiga sem sal de que ele gosta, até umas flores (se estivesse sozinha, comia pão de forma gelado com margarina salgada e um copo de água). Um homem que desperta até a vontade de cozinhar é apenas a melhor coisa do mundo. Se ele, além de alegrar sua vida, ainda dirige o carro, procura vaga e paga o flanelinha, é a felicidade total.
     Um homem que sabe, em caso de necessidade, pregar um prego, trocar um fusível, matar uma barata, sinceramente, tem melhor? Tem, sim, e ainda tem muito mais. Um homem que faz você gostar dele apaixonadamente, que dorme abraçado com você (no inverno), que ouve seus problemas sem bocejar; que conversa, ajuda. Com quem você quer ter filhos e com quem faz os planos mais loucos, ah, isso é bom. Um homem que lhe oferece um ombro para você chorar, com quem dá risada, que te faz pensar: " Não consigo viver sem ele". Se encontrar um que faça você sentir tudo isso, agradeça a Deus: é tudo que uma mulher pode querer da vida.
     Só que nem todas pensam assim. Algumas acham que homem só serve para duas coisas: para entrar com elas nas festas (elas odeiam entrar sozinhas) e para pagar as contas. Amor? E quem está falando disso?
    Pela vida dessas mulheres nunca passou nenhum de verdade, esse é o problema. Elas nunca imaginaram a possibilidade de encontrar um homem, mesmo modesto, com sobrenome menos famoso, com quem pudessem tentar uma relação sincera e feliz. Nem podem: nunca ouviram falar que isso existe, veja você.
    Quando têm a sorte de arranjar um que cumpra as funções com que sempre sonharam, como se passam as coisas? Quando jantam sozinhos, falam de quê? Quando terminam de jantar, acontece o quê? Ninguém sai da mesa direto para a cama (quartos separados, claro); e, como nem todo dia tem festa (nos jantares elegantes, ficam sempre em mesas separadas), fotógrafos, champanhe, então como fazem? Como eles vivem? Mistério.
      É que nunca aconteceu a nenhuma delas de, um dia, num jantar enorme e bem chique, de repente perceber um homem interessante conversando num grupo, bem longe, mas olhando para ela com aquela firmeza. Fica claro que o que ele quer é sumir com ela, no ato, dane-se a festa, que a melhor, a melhor festa, seriam os dois, juntos e sozinhos. Se acontecer, será que ela percebe? E, se perceber, será que vai aceitar o convite?  Provavelmente, não. Ela nunca vai entender que homem só existe para uma coisa: fazer a gente feliz.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

FABRIQUE A SUA ALEGRIA

    Segundo a atriz Denise Fraga, nós  abandonamos a alegria à sua própria sorte, queremos que brote sozinha, sem uma ajudazinha sequer. Só que precisamos diversificar as possibilidades de felicidade. Não é fácil, às vezes até parece meio patético. Mas experimente

    O que faz nosso olho brilhar? Qual é o ingrediente exato que faz o rosto de alguém se iluminar? Como atriz, uma das coisas mais enigmáticas para Denise é essa luz, esse brilho. Ela considera ser um dos pontos o fato de que, quando alcançamos o que almejamos, perdemos aquele brilho no olhar que a expectativa da conquista, o entusiasmo da luta proporcionavam,

     Qualquer que seja a nossa profissão,  desde a mais humilde até à mais cheia de glamour, todos nós somos assaltados de vez em quando pelo desânimo. Viver não é bolinho e, vamos combinar, complicamos demais a nossa existência. Terminamos os dias com a eterna sensação de coisas por fazer porque ninguém dá conta de tudo que foi inventado nos últimos anos. Não basta ser, precisamos superser.Estamos disponíveis, plugados, ante-nados, fazendo um monte de coisas e, por incrível que pareça, muito poucas são capazes de fazer nossos olhos brilharem. Tenho a sensação de que nossa trajetória nesta vida é dentro de um rio onde, até a metade da nossa existência, podemos somente nos deixar flutuar e sermos levados. À certa altura, precisamos nadar contra a correnteza, porque o prazer de flutuar já não nos basta. Queremos mais, já conhecemos, vamos ficando exigentes e cada vez menos coisas nos trarão brilho aos olhos. Se simplesmente nos deixamos levar, vamos ficando um pouco reclamões da falta de sal das coisas, os homens vão ficando no sofá, o controle remoto ajuda, o Facebook também... Tenho uma amiga que fala que não tem jeito:mulher fica chata e homem fica bobo. Não sou tão radical assim, mas acho mesmo que temos que nadar contra a correnteza, ir contra o peso dos dias, experimentar se livrar de si, se desrespeitar um pouco, se reinventar e se surpreender.

    Tenho uma amiga que fala que não tem jeito:mulher fica chata e homem fica bobo. Não sou tão radical assim, mas acho mesmo que temos que nadar contra a correnteza, ir contra o peso dos dias, experimentar se livrar de si, se desrespeitar um pouco, se reinventar e se surpreender.
      Nadar contra a correnteza inclui reeducar o olhar. Tentar ver coisas para as quais já olhamos há muito tempo sem ver. Precisamos nadar contra a correnteza da mesmice e do tédio. Diariamente. Não nos deixar arrastar pela rotina do que precisa ser feito, é melhor que se faça,  mas não é lá muito prazeroso. A vida é tão múltipla  que, mesmo completamente emaranhadas em nossas agendas impossíveis, podemos nos oferecer coisas simples e novas, como, num sábado,  decidir passar o fim de semana explorar uma cidade desconhecida. Loucura? Talvez. Prefiro chamar de exercício de disponibilidade. No mínimo teremos uma boa história pra contar.                                                                                                   
      Qual foi a última vez que você fez uma coisa pela primeira vez? É bom se perguntar isso de vez em quando. Tente achar  uma coisa que você adoraria fazer e nunca fez. Voar de asa-delta, ir a um baile funk, um show em praça pública, deitar no asfalto quente, assistir a uma ópera, jogar ovos na parede, usar uma roupa completamente diferente, cantar num karaokê, andar de bicicleta pela cidade, fazer um piquenique, reunir a turma da faculdade, etc.  

  Já dizia um amigo meu: "A vida é bonita porque é variável". Portanto,precisamos diversificar as possibilidades de felicidade. Não é fácil. Parece que não vai dar certo. Mas há que se reinventar. Fazer esforço para fabricar alegria. Abandonamos a alegria à sua própria sorte, queremos que brote sozinha, sem uma ajudinha sequer. Nossa indústria de cansaço e tédio trabalha a todoo o vapor e não achamos legítimo fabricar alegria? Às vezes parece ridículo, patético até. Mas experimente. Sugira uma simples brincadeira de mímica naquele tedioso e formal almoço de família. Pode até demorar a pegar, mas, se você insistir, corre o risco de virar o Cabo das Tormentas e ver aquele sofá sonolento começar a vibrar com cintilantes meninos escondidos em tios rabugentos. Maturidade traz sabedoria, mas também traz tédio e preconceito. Tem que tomar cuidado e abrir as janelas pra ventilar. Requer esforço e criatividade. Não se fabrica felicidade, mas podemos dar mais chances de existência à alegria .


sexta-feira, 6 de abril de 2012

PÁSCOA


Há  mais de dois mil anos atrás, um homem veio ao mundo 
disposto a ser o maior exemplo de amor e verdade que a 
humanidade conheceria.

Sua proposta de vida não foi entendida por muitos e, então, 
condenaram este homem e crucificaram-no, ignorando todos
 os seus propósitos de um mundo melhor.

Houve dor, angústia e escuridão.

Por três dias, o sol se recusou a brilhar, a lua se negou 
a iluminar a Terra, até que, no terceiro dia, algo aconteceu...

Houve a ressurreição!

A Páscoa existe para nos  lembrar deste  espetáculo 
inigualável chamado “ressurreição!”

                            Páscoa...

Ressurreição  do  sorriso...

Ressurreição  da alegria de viver...

                                                     (www.belasmensagens.com.br/mensagens-de-pascoa.php)