domingo, 29 de janeiro de 2012

UMA BOA FESTA

Divirta-se  lendo  os  conselhos  de Danuza  Leão  para organizar  um  festa  de  sucesso!         
     Qual a razão para se dar uma festa?  E qual a receita para uma boa festa?   Bem, depende, mas algumas coisas são fundamentais: um espaço razoável para que as pessoas possam, pelo menos às vezes, se sentar; e bebida, quanto mais farta melhor, para desinibir os inibidos. Comida  é o de menos; o mais cômodo mesmo é uma mesa com canapés, frios, para cada um comer na hora que quiser. Afinal, quem vai a festas para comer? O gelo é mais importante que tudo. Seja qual for seu orçamento, reserve 50% só para esse item. Compre centenas de sacos, empilhe no quarto da empregada, encha a banheira - tudo para que não haja, em nenhum momento, aquela cena deprimente de um copo de uísque com uma pedra boiando, solitária! Se isso acontecer, é o fim da festa - e que triste fim.
     Capítulo música: se for animada demais, do tipo ( obriga as pessoas a dançar, maravilhoso, mas péssimo para quem está querendo conversar. E, se for aquele fundo musical  de elevador e algum convidado se exce- der na bebida (e tomara que sim, pois festa muito bem comportada é o pior que pode haver), como extrava- sar toda aquela adrenalina a não ser dançando?!

   Vamos à lista de convidados - e é aí que começa a encrenca. Se você está numa fase de casada e mais o menos feliz (só mais ou menos), claro que não vai convidar periguetes nem um grupo de surfistas - se com- vidar, estará procurando sarna para se coçar. Ela, com saias de 10 centímetros de comprimento, sem meias, decote no umbigo e ar de quem não leva filho ao dentista, não vai à feira e nunca ouviu falar do preço de 1 quilo de picanha, estão ali só para inspirar os mais desbragados sentimentos de cobiça nos homens - ou seja, no seu marido e no marido de suas melhore amigas. Não, isso só se faz com as inimigas. E os surfistas, cheios de saúde e de amor para dar? Não preciso falar do bom humor que trariam aos maridos, Mas uma festa só de casais felizes, qual é a graça? Casais felizes devem ficar em casa, de mãos dadas, vendo um filme na televisão e ir a jantares, não a festas.

     Agora, se você é solteira e gosta de uma confusão, aí sim, a festa pode ser um sucesso. Atenção à lista de convidados: casais, só se estiverem no auge da paixão e, como a festa é sua, convide algumas (só algumas) periguetes, sim, e muitos surfistas, todos lindos. Se sua agenda de telefones estiver meio pobre, peça para cada amiga trazer um amigos. Os rapazes não vão gostar,  mas é exatamente o que fazem quando a festa é deles.
     Lembre: é um risco chamar aquele casal que acabou de se separar e que vive proclamando estar felicíssimo com a nova solteirice. Os dois vão beber muito (e mal) e a consequência será uma das duas: ou vão terminar juntos de novo, o que é sempre bom, ou vai rolar sangue.
          E vamos combinar que, quando uma mulher solteira inventa de fazer uma festa - que dá o maior trabalho, estressa e custa dinheiro -, o objetivo tende a ser um só: arranjar um namorado novo. O que, aliás, costuma acontecer, e é ótimo.

          (Revista Cláudia, janeiro de 2012)





domingo, 22 de janeiro de 2012

A DEVASSA VIROU MULHER DE NEGÓCIOS

       Todos devem  lembrar da famosa Paris Hilton, que estava sempre nas páginas da mídia e, quando veio ao Rio de Janeiro, fazendo publicidade da cerveja Devassa, causou escândalo num camarote da Sapucaí. Pois esta famosa criadora do gênero “estrela-mundial-sem-talento-nenhum”conseguiu transformar sua fama de patricinha desmiolada no mais lucrativo licenciamento de uma celebridade de todos os tempos. Já multiplicou, sem ajuda, a fortuna que herdou.
         
       Pois é isso aí! Ela estava desaparecida da mídia nos últimos tempose não se sabia por quê. Pois, em entrevista dada em sua casa em Beverly Hills (Los Angeles), a repórter Jessica Brinton  descobriu a razão pela qual a fofinha andava sumida: está dedicada ao mundo dos negócios! Verdade, a maluquete descobriu que tem um dom: negócios, fazer dinheiro!  Por este motivo passou por uma mudança radical : de estrela fútil de reality shows a CEO da Paris Hilton Entertainment, a mais lucrativa marca de licenciamento de uma celebridade de todos os tempos.
         A revista Variety é que trouxe à luz a novidade, publicando os impressionantes números da empresa: 17 linhas de produtos em lojas espalhadas por 31 países, 1 milhão de bolsas vendidas, projetos, clubes , restaurantes, hotéis.Ela oferece aquilo que chama de moda acessível e divertida. Por exemplo, se você não pode pagar 900 dólares por um legítimo par de sapatos Louboutin, ela oferece um similar por 89 dólares! Isso se tornou um trunfo da empresa. E faz o maior sucesso no lado oriental do mundo, onde o pessoal adora uma novidade.
      A marca Paris Hilton oferece inúmeras coisas que são vendidas rapidamente: cílios e unhas postiças, cristais para o telefone, álbuns de fotografias, roupas, bolsas, relógios, sapatos, óculos, perfumes.  O endereço parishilton.com não é mais só um local para acesso dos fãs da loira, é também uma loja online de produtos Paris Hilton. As megalojas Superdrug e Boots já venderam mais de um milhão só de kits de unhas e cílios!  E ela tem também um equipe de motociclismo, nas cores rosa e azul!
     O sucesso da marca Paris Hilton é de uma proporção incrível na Àsia. Só para ter uma ideia, a sua empresa projetou um beach club em Manila, por encomenda, assinou contrato para vender óculos na China, abriu 3 lojas na Índia e os parceiros querem abrir muitas outras.  Segundo a reportagem, Paris consegue personificar o sonho global da classe média do século XXI. “Se existe uma necessidade ou desejo, ela vai lá e atende, diz seu agente publicitário, as pessoas acham a marca glamourosa e interessante, ela abre espaço para o vislumbre de alguma coisa.
       Paris diz que o sucesso é algo que tem no sangue, herdado de pai, avô e bisavô. E que sempre teve estes sonhos desde pequena. E diz mais ainda: tudo o que fez em Nova York e os escândalos em que se envolveu eram parte de uma estratégia para chamar a atenção sobre sua pessoa, seu nome!  Acreditem se quiserem, tem louco para tudo!
       Quando perguntada sobre por que seus fãs a adoram tanto, responde que eles sabem que ela é sincera, eles sabem que passou por poucas e boas. Agora ela está em outra, diz que se sente poderosa, que é uma máquina de trabalho, uma máquina de felicidade.  Se isso vai durar muito não se sabe. Pode ser que a doidinha esteja levando a sério o que faz ou pode ser que um dia enjoe de tudo e volte a ser a socialite maluquinha de antes.

          (Revista Lola, nº 16, janeiro de 2012)

sábado, 14 de janeiro de 2012

POR UMA VIDA SIMPLES

Danuza  hoje.

    Danuza Leão é muito conhecida  no mundo dos ricos e famosos. Foi modelo nos anos 70, casou-se com o famoso jornalista Samuel Wainer. Sendo irmã da cantora Nara Leão, importante figura da bossa nova,  participava da sociedade da  época e tornou-se uma musa boêmia nos anos 60. Foi jornalista e hoje é colunista do jornal Folha de São Paulo e de revistas como a Cláudia. Morando na famosa avenida Vieira Souto , na Zona Sul do Rio de Janeiro, circulando por Paris e Buenos Aires sempre que quer, é uma personagem importante nos meios jornalísticos e sociais. Irreverente e com idéias pessoais, olha o mundo com olhos próprios e independentes. Veja aqui algumas de suas convicções. Vale a pena

      Com exceção de temporadas em Paris e Buenos Aires, Danuza pouco sai de casa. Se o faz, é a pé ou de táxi. Também abandonou as sessões de cinema: "Não dá. Tem gente que ri quando não é para rir,que fala quando deveria ficar quieta. Não tenho pressa, espero passar na TV". Em outras palavras, Danuza decidiu descomplicar a vida. Não por acaso, seu livro recém-lançado, É Tudo Tão Simples (Agir), resume esse estado de espírito. Sem obrigação de dourar a pílula, ela oferece sugestões para viajar, visitar amigos, buscar um novo amor, fazer cirurgia plástica. Mas não pretende que a obra seja um guia de etiqueta. Está mais para um código de ética pessoal, um manual sobre o respeito que Danuza decidiu partilhar. "É inspirado no que vi e ouvi nos últimos 20 anos e em minha mudança interior", explica. "Quem quiser ir atrás, ótimo. Mas não mando ninguém obedecer a nada." Mais: escreveu para uma categoria de mulheres que, como ela, não têm idade e a quem denomina ageless. Tendo como testemunha o gato Haroldo, único parceiro de suas horas ao notebook, Danuza fez  revelações.

De onde surgiu a inspiração para o livro?
     Andei pensando no simplificar. Passei metade da vida querendo ter todas as coisas e estou passando a segunda metade me desfazendo delas. Demorei a descobrir que basta um bom quarto e sala para ser feliz. Precisei em me de roupas, livros, prataria. Foi difícil no começo. O primeiro estalo surgiu há oito anos, quando vendi meu carro. Vi que dava para viver melhor com menos.

Sentiu falta do luxo? Do carro?
      Se eu não tivesse morado fora e convivido com pessoas que valorizam o ser e não o ter, talvez ficasse grilada. No meu prédio, por exemplo, a portaria não é de Blindex. Não tem um apartamento por andar; mas quatro. E no que isso prejudica a minha vida? Em nada. Carro, para quê? Moro num lugar prático, onde tem tudo em volta, ando a pé. Ô, felicidade! Andar de táxi, ônibus e metrô é uma das melhores coisas do mundo.

Do que mais vai abrir mão?
       Espero a hora certa de eliminar mais coisas. Para que eu quero 12 copos de vinho branco, 12 de tinto, que comprei em Veneza, iguais aos do Harry's Bar, mais oito flûtes (para champanhe) que jamais usarei, seis pares de botas, 16 suéteres e muitas camisetas?

Por que adora viajar sozinha?
      Deus não me deu paciência. Estando com um amigo ou filho, chega a hora em que o outro quer fazer algo que você não está a fim. Não suporto esperar alguém escolher um sapato, ir a um bar que não me interessa. Não preciso de companhia para jantar em Paris ou no Rio. Habituada à liberdade, acho difícil abrir mão dela.

Não confundem sua independência com antissociabilidade?
      Sou antissociável! Fui passar uma semana no Club Mediterranée. No dia seguinte, voltei, tal a pressão para me enturmar. Por isso, não gosto de cruzeiros, que obrigam você a interagir. Ainda por cima, não tem táxi na porta.

Como é a sua rotina?
      Sábado e domingo não tem empregada, não vem ninguém consertar nada, minha cama fica desarrumada, que delícia! Nos outros dias, acordo às 7 e caminho até o Arpoador - ninguém chegou à praia ainda. Depois, sento num quiosque e pego um sol. Volto para casa, leio os jornais e vou para a ginástica. Há quem diga que fico muito em casa. Mas querem que eu vá para onde? Para o shopping? Não entro em shopping de jeito nenhum.

Por que diz que a idade de ouro é dos 45 aos 55 anos?
É nessa idade que a mulher sabe mesmo o que quer. Já passou por dois ou três casamentos, não tem a ansiedade dos 20 anos. Os filhos cresceram, ela se tornou livre. Desfruta da vida com maturidade, sem querer o impossível. Se ela se cuidar, ainda continuará linda e sexy.

Amigos: quais as regras de ouro para mantê-los?
       A primeira é ter amigos que achem graça das mesmas coisas. Você não tem tantos assim no mundo. Para uma amizade durar, é preciso ter interesses parecidos. No livro, digo que grávidas só deveriam se dar com grávidas, pois os assuntos que interessam a elas é a ultrassonografia, o enxoval do bebê, se vão amamentar.

Se o amigo não desliga o celular, você reclama?
    Se duas pessoas estão juntas, é obrigação olhar uma para a outra, não para o celular. Também não vale só olhar quem está ligando e não atender. Está comigo e pronto. Meus amigos já sabem: no restaurante, se não desligar o celular, eu reclamo. Tem coisa pior que achar que está com uma pessoa e ela passar o tempo todo conversando com outra ou pensando nela?

Nos  anos  70.
Você não se hospeda na casa dos outros e não gosta de receber. Por quê?
        Uma leitora me perguntou sobre a arte de receber. Não sou boa anfitriã; não sou uma guia de turismo legal. Moro no Rio e não conheço um bar incrível ria Ilha do Governador. Gringo adora ficar na casa de amigo brasileiro. É preciso aprender a dizer não. Se o outro ficar com raiva, problema dele.

Você valoriza o seu dinheiro?
      Evito compras erradas. Muitas mulheres só querem grife. Uma amiga me contou que num jantar viu 12 garotas com sapatos de sola vermelha, Louboutin. Uma tragédia. Para mim, quando dizem que algo está na moda, não está mais. Não acho bacana ficar igual. Bom é ser a única. Só vale comprar o que dura. Quando voltei de Paris, trouxe meu sofá, que foi reformado e está na casa da filha da minha filha. E ele tem quase 50 anos.

O brasileiro anda mais educado?
       Anda pior do que nunca. Me lembro do tempo em que os alunos se levantavam quando os professores entravam na sala. Hoje, se não se cuidarem, apanham ali.

De que você sente mais falta?
      De alguém que escute o que quero dizer. As pessoas pararam de ouvir. Quando não tenho com quem falar, bato na porta do meu antigo analista. Por 50 minutos ele vai me ouvir. Tenho poucos amigos para isso. A grande verdade é que estão todos muito ocupados. As pessoas andam ocupadas demais com o próprio umbigo.

Qual o maior mico que você já pagou?
       Foram muitos, mas não me recordo. Também esqueço o dos outros. Tudo que sei aprendi com quem sabia mais.Na primeira vez que vi uma alcachofra, fiquei paralisada. Esperei e fiz como as outras pessoas da mesa. Teria sido mais fácil perguntar, mas tive vergonha.

O que a deixa chateada?
    Evito ficar perto de gente que possa trazer aborrecimentos. É a melhor forma de me preservar de chateações.

Seu livro diz como se tornar a mãe ideal. Quem é ela? 
     Aquela que não cria problemas. Diz que tudo está ótimo. O maior presente para um filho é não preocupá-lo porque você está sozinha. A felicidade é ter uma mãe com vida pessoal boa e animada. E que não dependa dele para ser feliz. Assim, ele não sentirá culpa por não ter telefonado. A culpa de não atender ao desejo da mãe é horrível. A minha morreu e eu tenho culpa até hoje.

O que significa ter um comportamento social ético?
    Não furar fila no cinema, não pegar a mesa de quere chegou antes ao restaurante, jamais fazer charme para o  namorado de amiga. Se você for gentil, o outro será gentil também e o mundo parecerá um lugar pacífico.
                       (Por Dalila Magarian, Cláudia, dezembro de 2011)

domingo, 8 de janeiro de 2012

FACEBOOK - A vida como ela não é.

        Esta crônica de João Luiz Vieira, na revista Cláudia, do mês de dezembro  2011, dá uma real e interessante visão sobre as redes sociais.

     Seus amigos só jantam em restaurantes charmosos, passam os fins de semana em praias paradisíacas e as férias na Europa? Bem-vinda ao mundo rosa do Facebook .

      Já teve a sensação de que é a única do grupo a não arranjar tempo para ir a todas as festas, dinheiro para conhecer países incríveis, opinião para falar sobre os filmes mais badalados e os livros mais vendidos? Se você está no Facebook, provavelmente já. Afinal, a vida  é só sorrisos nessa rede, que conta com mais de 31milhões de usuários. "As pessoas não querem ter contato com coisas incômodas", acredita a designer Elisa Stecca, autora do livro Hoje É o Dia Mais Feliz da Sua Vida (Matrix) e frequentadora assídua da rede social. Para ela, há até uma perseguição aos pessimistas e mal-humorados. Como temos problemas demais, quem é que gosta de acompanhar os dos outros em tempo real?
         A questão não se resume à simples vontade de tornar o mundo mais leve. O ator e diretor Otávio Martins, em cartaz em São Paulo com a peça Circuito Ordinário, define os perfis no Facebook como avatares do ego. "As pessoas são ali como querem que as vejam. Não se trata de livre expressão, porque quem se mostra como é está dando a cara a tapa." É natural ter receio de mostrar publicamente as limitações e os defeitos, assim como nos satisfaz dividir aspectos positivos da nossa existência. Isso acontece em qualquer relação, inclusive longe da internet. Você vai a um encontro e conta da última viagem, do vinho que provou noite dessas, não da briga feia com a sua mãe. "A diferença é que ocultar as fraquezas nesse caso tem a ver com busca por uma aproximação com o outro", avalia o psicólogo clínico e organizacional Walter Mattos, de São Paulo. Segundo ele, há dois grupos de facebookers: o que procura ser cauteloso na autoexposição  e o que usa a ferramenta como substituição da  realidade. Este último é formado por pessoas que nutrem um desejo narcísico de chamar a atenção, colecionar o máximo de "amigos" que puder e construir uma imagem de si mesmas mais próxima da perfeição. "Copiam e colam poemas, textos e frases de efeito como se tentassem ser aquilo que está escrito. Postam dezenas de fotos, desejosas de receber mensagens positivas e afetuosas, que se contrapõem à rudeza do mundo real", observa Mattos.
        Mas ser elogiada faz muito bem à saúde! O importante é verificar até que ponto se é dependente do conforto emocional virtual, da aprovação alheia a cada minuto. Será que trocar a foto no Face e não receber um mísero "curtir" é motivo legítimo para se acabar num pote de sorvete? "Acredito na capacidade do ser humano de encontrar soluções para seus problemas que ele mesmo cria, fazendo, para isso, uma autoavaliação", afirma Mattos. "Assim, você enxerga se é do time que enfrenta suas questões pessoais ou se tem preferido se esconder no mundo da fantasia. A escolha é de cada um."
         Achei  verdadeiras e válidas as colocações da crônica, mas, em  relação a isso, eu acredito que cada um age de acordo com aquilo em que acredita. Tenho página no Facebook e visito-a regularmente, para saber dos meus amigos. Mas só posto alguma coisa se acho interessante realmente, ou engraçado.  Também comento ou compartilho  o que me  chama deveras a atenção ou quando me sinto chamada a dizer algo. Não me considero na obrigação de estar diariamente fazendo postagens para marcar presença. E muito menos na obrigação de estar sempre dizendo algo belo, profundo ou inteligente, o que, em demasia,  pode soar falso.
         Já li em revistas  colocações preconceituosas, como a de que Orkut é para pobre e Facebook é para os bem-sucedidos.  Acho isso uma tremenda bobagem! Tenho os dois e uso  tanto um como outro, sem problemas.  Até acho mais interessante uma colocação de um amigo dos meus netos, que dizia , mais  ou menos, assim:   “O Orkut está sempre me dizendo para não fazer alguma coisa, o Facebook quer saber o que eu estou pensando  e o Twitter vive perguntando o que eu ando fazendo. Eu até já estou achando que quem inventou os três foi a minha mãe!”



quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

PERDAS COM GANHOS

   Segundo a autora Tatiana Bonuma, derrotas, além de inevitáveis na vida de qualquer um, são degraus para o crescimento. Aprender a lidar com elas fortalece, traz autoconhecimento e encurta o caminho em direção às conquistas.

       Muitos empresários bem  sucedidos faliram, investiram em um ramo errado ou tiveram que desistir de uma ideia antes de chegar ao sucesso. Seja nos negócios, no amor, seja na carreira, o que vemos hoje é uma grande dificuldade em falar de fracassos. Há uma intolerância em relação aos perdedores. Ninguém quer ser loser nem admitir que não é bom o bastante.
         No mundo das celebridades, faz sucesso o pacote: conta corrente recheada, namorado dos sonhos, filhos lindos, corpão. No Facebook, pega bem postar fotos de viagens incríveis, falar de lugares badalados, mostrar trabalhos que mereçam reconhecimento. "Viciada" em consumir felicidade, a sociedade atual só quer saber de vitórias. Como se pudéssemos viver apenas de êxitos. Cair faz parte da vida - e é essencial para a evolução de cada um. "Socialmente, o fracasso tem sido condenado e rejeitado. Ele, porém, nos acompanha ao longo do tempo. Quem nunca tirou uma nota baixa, perdeu um jogo, foi rejeitado por um amigo ou por um paquera?", questiona a psicoterapeuta Teresa Avolio, de São Paulo. "Tais episódios, na infância ou na vida adulta,devem ser entendidos com naturalidade. Eles trazem sofrimento, mas são exercícios importantes para o desenvolvimento emocional. Quando bem conduzidos, resultam em crescimento", afirma a psicoterapeuta.
       A questão está justamente aí: por situações adversas, todos passam. O que faz a diferença é a forma de lidar com elas. Pessoas extremamente perfeccionistas, que não se perdoam por erros, ou aquelas com baixa autoconfiança tendem a se deixar abater mais por situações desfavoráveis, além de considerar fracasso o que é só um evento menos positivo. "Diante da derrota, há duas opções: sucumbir e paralisar ou aprender e evoluir", diz Miguel Vizioli, psicólogo e consultor de recursos humanos, de São Paulo.
           Tristeza faz crescer. Olhar no espelho e assumir que errou requer coragem, humildade, resiliência. Não existe, porém, melhor maneira de se conhecer do que ficar cara a cara com as próprias falhas. "Percebi que, a cada resposta negativa no trabalho, eu perdia a força e me considerava fracassada. Para meus colegas, um “não” era ouvido com tranquilidade. Para mim, era difícil superar", lembra Solange Nascimento, 42 anos, publicitária e gerente de vendas, de Belo Horizonte. A solução foi buscar uma terapia. "Descobri que estava investindo numa área que não era o meu forte. Precisei ganhar mais consciência de quem sou, do que quero e do que posso. Fui para o setor de criação e estou segura, menos suscetível às adversidades."
           O amadurecimento de Solange só foi possível porque ela admitiu suas falhas. Tristeza, decepção, frustração, desânimo, culpa e, às vezes, sentimento de inferioridade são normais nessa fase. "Se não nos deixamos passar por tudo isso, nos distanciamos do autoconhecimento, o único caminho para fazer escolhas mais saudáveis. Quem não enxerga que errou continuará a falhar nas mesmas situações e dificilmente progredirá", explica a psicoterapeuta Teresa Avolio.
     Para o psicólogo Antonio Carlos Amador Pereira, professor da PUC-SP, o autoconhecimento no momento pós-queda ajuda a entender os próprios limites. Só isso, porém, não leva a lugar algum. É o jogo de cintura que vai indicar novas possibilidades. "Considero essencial ter flexibilidade para navegar em outras direções quando os ventos mudam. Ficar obcecada por um único  rumo e persisirnele sem bom senso pode resultar em novo fracasso", alerta.
            O especialista em desenvolvimento de carreiras Renato Grinberg, de São Paulo, sabe o que isso significa. "Meu sonho era ser músico e investi pesado: estudei violão clássico, fiz parcerias com outros artistas e até turnês fora do Brasil. Mas me sentia derrotado, porque essa opção profissional não me trazia retomo financeiro nem reconhecimento social", conta. Renato então fez uma alteração corajosa no seu projeto. Foi estudar marketing, especializou-se no exterior e trabalhou em grandes companhias, como a Sony Pictures e a Wamer Bros., nos Estados Unidos, conseguindo a estabilidade que desejava. "As derrotas nos preparam para um salto maior", afirma ele. De volta ao Brasil, escreveu o livro A Estratégia do Olho do Tigre (Gente), que ensina, justamente, a ser bem-sucedido no universo corporativo.
           Quando o assunto é amor, refletir parece ser o melhor conselho também quando a perda é amorosa. Rever o relacionamento e localizar a sua parcela de culpa faz uma enorme diferença para o que virá. "O ponto não é, necessariamente, consertar a relação que acabou, mas se preparar para ter mais sucesso nas próximas. Quem aprende com o passado tem mais chances de conquistar bons resultados no futuro", afirma o psicólogo Antonio Carlos. Sim, é preciso fazer tudo isso, mas, muitas vezes, a reflexão só é possível depois que a poeira abaixa.
          "Quando decidi me separar, conseguia ver apenas o que me incomodava no casamento; não enxergava meus erros. Foi só no momento em que a tristeza amenizou que pude olhar para o fracasso da relação de maneira mais objetiva. Aí me perguntei: 'Por que aconteceu comigo?', 'Por que eu não consegui agir a tempo?' ", conta Beatriz Monte, 31 anos, administradora de empresas, do Rio de Janeiro. Num diálogo íntimo, com sinceridade, ela se reavaliou, achou as respostas e hoje mudou de atitude. "Aprendi a não depositar tantas expectativas nos outros e a procurar a minha felicidade por recursos próprios. Assim, fica mais fácil não fracassar no relacionamento. Também entendi que teria de olhar para o outro com mais atenção e ser mais solícita às necessidades de quem me cerca. O susto do fim do casamento fez de mim uma pessoa mais consciente e generosa. Aplico tudo que aprendi sendo uma mãe muito mais completa para o meu filho".

Ladeira acima
       Logo após a queda, é normal sentir-se incapaz, enfraquecida e até mesmo envergonhada. Os pensamentos a seguir podem ajudar a retomar a autoestima.
* Viver um fracasso não faz de você uma fracassada. Reveja sua trajetória e lembre-se das vitórias que conquistou.
* Não dê espaço para a autopiedade. Todos cometemos erros, e o sucesso está em saber lidar com eles, nunca em negá-los.
* No momento da dor, não se julgue nem tome decisões precipitadas. Há um tempo para sofrer e outro para avaliar objetivamente o que houve. Só então decida como agir.
* Não negue sua participação na derrota, mas também não a assuma por completo, principalmente em se tratando de um relacionamento amoroso. Se deseja uma relação melhor, em vez de esperar o outro mudar, aprimore-se e aguarde para ver o reflexo disso no casamento. Quando um muda, normalmente o parceiro traz respostas positivas.
* No passado não se mexe. Portanto, foque no futuro.
Reflita sobre o que pode aprender com o fiasco e tenha certeza de que, se a situação se repetir, você se sairá melhor.
* Avalie se não está ultrapassando seus limites, assumindo tarefas demais ou cultivando expectativas inatingíveis.
         (Revista CLÁUDIA – novembro de 2011)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

AS 50 MARCAS QUE AS MULHERES DEIXARAM NO MUNDO


1 Traduzir sentimentos. Você já deve ter tido a impressão de ler um texto que fala com o seu âmago, expõe uma ferida ou acalma a angústia. Damas da literatura inauguraram essa forma tão íntima de se relacionarem. Como a escritora Clarice Lispector, ucraniana que emigrou para o Brasil. Ironicamente, seus primeiros escritos foram recusados por um jornal porque não tinham enredos, apenas sensações.

2 Liderar com pulso firme A marca deixada pelas mulheres nos mais altos postos do poder tem sido a austeridade.Dilma Rousseff limpa o ministério; Angela Merkel, a chanceler alemã, mantém o norte da União Europeia na crise do euro; Michelle Bachelet, chefe da ONU Mulheres, saneou a economia do Chile quando era presidenta, equiparou salários em empresas estatais e regulamentou a distribuição da pílula do dia seguinte.


3 Flexibilizar o mundo dos negócios Foi depois que as mulheres entraram nas companhias que conceitos como inteligência emocional e resiliência foram incorporados ao vocabulário empresarial. Trabalhamos usando a intuição e o jogo de cintura - e incentivamos os homens a trilhar esse caminho.



4 Dizer "não” à violência. Depois de séculos de opressão, um grito foi ouvido: chega de agressões contra a mulher. Uma farmacêutica cearense, que sofreu duas tentativas de assassinato por parte do marido e ficou paraplégica, virou porta-voz da causa. Maria da Penha Maia Fernandes colocou o agressor na cadeia e levou o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Inspirou a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, que coíbe e pune esses atos, modelo copiado em outros países.


5 Ser cidadã.  Várias companhias de seguros de automóveis oferecem descontos para as mulheres, que dirigem com mais atenção e respeitam mais as leis.

6 Ditar moda. São necessários muitos estilistas homens para influenciar o jeito de se vestir como uma única mulher conseguiu. Coco Chanel foi a mãe do pretinho básico, do tailleur e da calça feminina.

 Acreditar.N coração de uma mulher, a esperança, substantivo feminino, se transforma em fé, depois vira determinação e por fim leva à conquista.


8 Transgredir.- Quem disse que a gente precisa agradar sempre? Se hoje a maioria responde que não temos de corresponder ao senso comum, muito se deve à ousadia gritante de Madonna desde os anos 1980. A maior diva pop do mundo moderno sempre desafiou ao usar batom vermelho-sangue, simular sexo oral com uma garrafa, deixar o sutiã à mostra,beijar um Jesus Cristo negro.



9 Lutar por direitos .Mulheres não podiam votar até 1932, quando conquistaram a liberação prcial para se manifestar nas eleições: só as casadas (com autorização do marido), viúvas ou solteiras com renda própria podiam eleger seus representantes. Em 1934, a lei ampliou o direito a todas, mas não o tornou obrigatório. Apenas em 1946 é que houve igualdade perante o Código Eleitoral. Hoje, somos maioria, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral. Uma das guerreiras dessa luta foi a carioca Bertha Lutz, que fundou, em 1922, a Federação Brasileira para o Progresso Feminino. Ela defendia também as causas trabalhistas femininas e a igualdade salarial.


10  Ter liberdade para amar outra mulher. Se o amor deve ser uma escolha, por que uma mulher não pode optar por outra? Essa interrogação, sussurrada entre quatro paredes, já não carrega mais mistérios. Lésbica assumida, a escritora americana Camille Paglia acendeu a discussão sobre homossexualidade e bissexualidade - e meninas e mulheres puderam se revelar. Leitora de Camille, a cantora mineira Ana Carolina não tem nenhuma dificuldade em declarar: "Sou bi, e daí?"



11 Negociar. A mulher tem também tino para grandes investimentos. No Brasil, Eufrásia Teixeira, nascida em 1850, ampliou a fortuna dos pais, comprando e vendendo ações e aplicando em empresas na Europa. Procurava saber como eram tratados os empregados das companhias em que entrava como acionista. Deixou parte da fortuna para instituições de caridade de sua terra, Vassouras (RJ).


12 Agregar. Pense na solidez do núcleo familiar, na força centralizadora, na balança das relações. Provavelmente, você visualizou uma mulher.


13 Empreender. De acordo com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em 2009 superamos os homens: somamos 53,4% das pessoas à frente de negócios.




14 Quebrar paradigmas. Uma das áreas em que as mudanças acontecem mais lentamente é a política - os homens grudam no poder com unhas e dentes. Mas, lá atrás, duas mulheres já haviam provado que podemos presidir um Estado com competência: Golda Meir, que ajudou a fundar o Estado de Israel e o dirigiu entre os anos de 1969 e 1974, e Indira Gandhi, primeira-ministra da Índia, que dedicou especial atenção a diminuir a pobreza do país.


15 Preservar a nossa história.Que nação tem futuro sem memória? O Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, guarda evidências de que o homem pode ter vivido no continente americano há 50 mil anos, e não há 12 mil, como afirmam pesquisadores. A arqueóloga paulista Niéde Guidon descobriu esse tesouro e tem dificuldade para preservá-lo, já que pinturas rupestres estão sendo danificadas por balas.



16 Recriar papéis sociais. Esposa exemplar, mãe zelosa, donzela eterna. Não faz tanto tempo assim, esses eram os papéis que nos cabiam. Reescrevemos a história. Em 1832, Nísia Floresta publicou, com apenas 22 anos, Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens. Em 1949, a filósofa francesa Simone de Beauvoir escreveu em dois volumes O Segundo Sexo, em que usava conhecimentos de biologia, psicologia, história e economia para constatar que a suposta condição de inferioridade feminina era uma invenção cultural. Nascia ali o movimento feminista, que ganhou ainda mais força em 1963 com o lançamento de A Mística Feminina, de Betty Friedan.


17 Espalhar alegria. A felicidade colorida e gingada está no DNA da mulher brasileira. Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Claudia Leitte e tantas outras seguem os passos de Carmen Miranda, cantora e atriz portuguesa, criada no Brasil, que contou isso ao mundo todo quando brilhou em Hollywood.
 
18 Contar histórias. As novelas brasileiras estabeleceram um novo padrão de qualidade na teledramaturgia. Janete Clair, autora de enormes sucessos, como Irmãos Coragem, Selva de Pedra, Pecado Capital e O Astro, teve papel marcante na construção e na popularização dessa linguagem 

19 Perdoar. Pesquisa recente da Universidade do País Basco comprova que as mulheres conseguem perdoar com mais facilidade do que os homens. Porque têm maior empatia, ou seja, a sábia capacidade de se colocar no lugar dos outros.

20 Tratar seres humanos como seres humanos. Antigamente, os procedimentos usuais para cuidar de quem sofria de transtornos mentais incluíam a retirada de uma parte do cérebro. A psiquiatra alagoana Nise da Silveira, uma das primeiras médicas brasileiras, recusava-se a aplicar técnicas agressivas em seus pacientes. Em vez disso, usava o desenho e a pintura para que eles se expressassem e retomassem o contato com a realidade.Os trabalhos foram para o Museu de Imagens do Inconsciente, que ela fundou no Rio de Janeiro em 1952.

21 Cuidar das crianças. Não precisamos ser mães para ter o instinto de zelar pelos pequenos.Porque há sempre muitos precisando de cuidados. A pediatra e sanitarista Zilda Arns fundou a Pastoral da Criança, em 1983,para realizar ações de combate à mortalidade infantil, à desnutrição e à violência. Faleceu em 2010, no terremoto do Haiti.



22 Bebericar com classe. O que seria do glamour sem o champanhe, a maior invenção feminina em taças? Foi Nicole-Barbe Ponsardin, a viúva Clicquot, a responsável por industrializar a produção da bebida e torná-Ia popular nas cortes.


23  Educar. Fazer com que os filhos cresçam como seres dignos é um de nossos nortes. Muito da compreensão que temos sobre o comportamento infantil se deve à psicóloga austríaca Melanie Klein. Ela lançou, em 1932, o livro A Psicanálise de Crianças (Imago). Outra que se dedicou à causa foi a italiana Maria Montessori. Ela revolucionou o ensino, defendendo a individualidade, a sensibilidade e a liberdade do aluno.


24 Vencer preconceitos. Raça e poder aquisitivo não ditam o destino de uma mulher. Porque um batalhão feminino se levanta contra a opressão. Como Rosa Parks, negra que se negou a ceder seu lugar em um ônibus para um branco na época mais dura da segregação racial nos Estados Unidos.



 25 Alimentar-se com sabedoria. Quem costuma decidir o que vai à mesa nas refeições dentro de casa? Quem lê os rótulos dos produtos no supermercado antes de colocá-los no carrinho? Comer bem e saber fazer escolhas são investimentos que toda mulher valoriza. A primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, é uma forte defensora da alimentação saudável e dos exercícios físicos. Em 2010. lançou o movimento Let's Move!, cuja meta é combater a obesidade infantil e melhorar a qualidade da comida servida nas escolas. Vai escrever um livro sobre a horta que plantou na Casa Branca e seus esforços para promover a mesa saudável, afirmou o grupo editorial Crown, que o publicará em abril de 2012. Michelle doará os lucros da venda para uma instituição de caridade


26 Valorizar a cultura. O mais recente estudo do Instituto Pró-Livro mostra que o público feminino responde por 55% dos leitores de livros no Brasil. A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que em oito anos virou a maior do gênero por aqui, foi idealizada por uma mulher, a editora inglesa Liz Calder. Já as primeiras bienais de artes plásticas foram organizadas pela paulista Yolanda Penteado, que usava a influência para trazer obras valiosas para os eventos.


27 Resistir.  No sofrimento,  as  mulheres  surpreendem.  A estilista mineira Zuzu Angel se tornou símbolo da resistência à  dita-dura no Brasil ao denunciar nos Estados Unidos a tortura  e  o sumiço de militantes que se opunham aos generais, entre eles seu filho, Stuart Angel. Zuzu moneu em 1976, num acidente  de carro mal explicado, tentando encontrar o corpo de seu rebento.


28 Ter coragem. Contra o senso comum de que ser feminina é ser frágil, as guerreiras da nossa, história fincaram a bandeira da valentia. Anita Garibaldi combateu na Revolução Farroupilha; Maria Quitéria lutou no Exército disfarçada de homem e virou heroína na Bahia; a americana Lee Miller abandonou sua bem-sucedida carreira de modelo nos anos 1920 para ser a única mulher correspondente na Segunda Guerra Mundial.

29 Encantar. Seduzir é um verbo feminino, que ganhou significado nobre depois que muitas mulheres o conjugaram para grandes causas. Evita Perón, a mulher mais importante da história política da Argentina, usou desse recurso para defender os pobres, lutar pelo voto feminino e o direito dos trabalhadores.29 

30 Preservar o planeta. A causa é global e não se restringe a um sexo ou a outro. Mas muitas mulheres imprimiram caráter de urgência à defesa do meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. A bióloga americana Rachel Carson já levantava essa bandeira nos anos 1950. Seu livro Silent Spring, sobre os problemas causados por pesticidas e pela poluição, levou à proibição nos Estados Unidos do uso do DDT, diclorodifeniltricloroetano, que pode causar câncer em seres humanos.



31 Reinventar-se. As mulheres têm a capacidade de cair, levantar, sacudir a poeira e seguir mais fortes do que antes. Hillary Clinton, por exemplo, foi traída publicamente pelo marido, Bill Clinton, quando ele era presidente dos Estados Unidos. Perdoou, enfrentou críticas e se transformou na segunda mulher mais poderosa do mundo por seu atual trabalho como secretária de Estado americana.


 32 Ficar feliz solteira . Antes, era impossível pensar em mulheres solteiras na faixa dos 30, que curtem a vida e não direcionam seus desejos na busca de um marido. A escritora Candace Bushnell e as personagens do divertido Sex and The City fizeram dessa crença uma coisa do passado.


33 Pacificar. As mulheres trouxeram para o panorama mundial uma nova visão sobre a paz. Shirin Ebadi, advogada iraniana que recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 2003, ampliou o conceito para além do lenço branco que pede trégua. Ela viaja pelos países denunciando o governo ditador de seu país, o Irã, que persegue as mulheres e ameaça o equilíbrio da região e a paz mundial.



34 Explicar o mundo. É coisa de mulher criar metáforas para traduzir algo difícil. A jornalista e psicanalista gaúcha Carmen da Silva, que estreou uma coluna em CLAUDIA, em 1963, fazia o papel de trazer para o dia a dia o tal do feminismo. Ela convocou a ala feminina a rever seus conceitos sobre independência e felicidade e a reescrever a história com as próprias mãos.


35 Bancar as próprias escolhas. O primeiro passo para ter liberdade é assumir os riscos pelas decisões tomadas. A inglesa Mary Wollstonecraft, que escreveu, em 1792, o primeiro manifesto em defesa das mulheres, aplicou na vida o princípio que defendeu: o do direito de escolha. Trabalhou para ganhar o próprio dinheiro, teve uma filha fora do casamento - Mary Shelley, a escritora que criou Frankenstein - e instituiu no front doméstico a união com casas separadas.


36 Doar-se. O terceiro setor tem cara, alma e jeito de mulher. Foi a albanesa madre Tereza de Calcutá, Prêmio Nobel da Paz de 1979, quem popularizou o voluntariado- e a filantropia ao dedicar sua vida a alfabetizar crianças e a cuidar de doentes.


37 Decidir o tamanho da família. Em 1970, a brasileira tinha, em média, 5,8 filhos. Sair para trabalhar deixando esse time era difícil. Hoje, a média de crianças por mulher é 1,8. O índice nas nações ricas é 1,7.



38 Defender animais.  Em setembro, duas redes canadenses de pet shops deixaram de vender animais para incentivar a adoção. Aqui e ali, as iniciativas de proteção ganham força. Desde 1962, a atriz Brigitte Bardot se manifestava publicamente contra o uso de peles, a caça esportiva, o abandono.Em 1986, ela criou a Brigitte Bardot Foundation, em defesa de animais domésticos e selvagens.


39 Multiplicar a atenção. Fazer várias coisas ao mesmo tempo é uma marca feminina, importantíssima nos dias de hoje, valorizada pela sociedade e pelo mundo do trabalho.


40 Fazer-se entender. A capacidade de se comunicar, entreter e convidar à reflexão é uma qualidade que as mulheres esculpiram com o tempo. Que o diga a comunicadora mais poderosa do mundo, a americana Oprah Winfrey. De origem humilde, tornou-se dona da própria revista e, mais recentemente, de uma emissora de TV, a OWN. Ela também é engajada em causas humanitárias no continente africano.


41 Cozinhar por prazer Definitivamente, lugar de mulher não era na cozinha profissional. E cozinhar passava longe de ser divertido. Até a americana Julia Child conseguir entrar para a prestigiada escola francesa Le Cordon Bleu e virar a primeira celebridade à frente de um programa de culinária na TV.


42 Assumir desejos. Se hoje a brasileira faz sexo sem compromisso e não é julgada, muito se deve à atriz Leila Diniz, que demoliu tabus numa época em que a repressão dominava o país. Foi a primeira grávida a ir à praia de biquíni, mostrando que a maternidade não excluía a sensualidade. E disse frases que se tornaram célebres: "Transo de manhã, de tarde e de noite"; "Você pode amar uma pessoa e ir para a cama com outra".

43 Inovar o sexo. Segundo a Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual, 70% dos consumidores de produtos eróticos no país são mulheres.


 44 Mudar  o fixo. Não está bom? A gente muda. Primeira-dama de um país era um posto decorativo até Eleanor-Roosevelt entrar na Casa Branca, em 1933.A mulher de Franklin chegou à ONU e ajudou a criar a Declaração Universal dos Direitos Humanos. No Brasil, a antropóloga Ruth Cardoso, mulher de FHC, reinventou o papel, em 1995 com o Programa Comunidade Solidária. Promoveu uma reviravolta na área social 

45 Bater um bolão. Mulheres são craques nos campos hoje, ninguém duvida disso. Quando a paixão nacional deu mostras de abalo, uma garota de Alagoas apareceu jogando o futebol dos sonhos de qualquer homem: Marta Vieira da Silva, da nossa seleção feminina.


46 Dar aula de gentileza .Pesquisa divulgada pela Utah State University, nos Estados Unidos, indica que irmãs são mais eficientes do que os pais quando o assunto é incentivar a gentileza e a generosidade.


47 Mobilizar. As americanas nunca queimaram sutiã na praça. Mas o protesto que fizeram em 1967, contra a visão de que todas eram mulherzi nhas, foi tão incandescente que até hoje se acredita no incêndio. Elas levaram para  uma passeata símbolos que as reduziam a mero objeto de desejo, como o salto alto e  o sutiã. Embora a prefeitura tivesse impedido a queima, o ato ganhou força política.



48 Mobilizar para grandes causas. Ajudar é sempre bom - mas mobilizar centenas, milhares a fazer o mesmo é melhor ainda. Elizabeth Taylor foi uma das primeiras megacelebridades a se engajar na luta contra a AIDS, depois que um amigo dela, o ator Rock Hudson, morreu, vítima da doença. Em 1991, ela criou a própria fundação de pesquisa sobre o vírus, a Elizabeth Taylor Aids Foundation.


49 Fincar o pé na ciência. Brilhante, a polonesa Marie Curie era voz solitária na ciência. Mesmo assim, ganhou o Prêmio Nobel de Física, em 1903, por descobertas sobre radioatividade, e o de Química, em 1911, ao desvendar ações do rádio e do polônio. A área, no Brasil, deixou de ser masculina há duas décadas: em números, as mulheres superaram os homens nos centros de pesquisas. A médica Mayana Zatz, uma das maiores autoridades em genética médica no mundo, identificou, em 1995, um gene ligado à distrofia dos membros, o que só foi possível com base no estudo de células tronco.


50 Dar a vida por uma nobre causa. A coragem das operárias de uma tecelagem de Nova York, em 1857, teria sido responsável  pela instituição do 8 de março como o dia internacional pelos direitos das mulheres. As tecelãs conduziam pela primeira vez uma greve de mulheres contra o trabalho quase escravo, com extensa jornada, espancamentos e ameaças sexuais, quando a polícia as trancou na fábrica e tocou fogo. Todas morreram  carbonizadas. Em 1910, na Dinamarca,  ao procurar um ícone para a luta, feministas escolheram o episódio.
(Márcia Kedouk e Patrícia Zaidan -Revista Cláudia, nº 10, outubro de 2011)