quinta-feira, 28 de junho de 2012

MENTES QUE APRENDEM

Educar para crescer
                                    
          Para  pais  e  professores que querem ajudar seus filhos:

MENTES  QUE  APRENDEMk

      A neurociência turbina a pedagogia e chacoalha todos os conceitos  sobre aprendizagem – até a desacreditada decoreba foi reabilitada.

       Nos últimos anos, a pedagogia ganhou uma aliada de peso para desvendar o modo como crianças e adolescentes aprendem: a neurociência. As descobertas mais recentes nesse campo do conhecimento prometem o impacto de um terremoto na educação nos próximos anos ao pôr em xeque práticas seculares das escolas e reabilitar outras até então condenadas. A motivação e a associação afetiva com o que se aprende ganharam base científica, e mesmo a criticada decoreba vem sendo reabilitada, agora sem o rótulo de inibidora do raciocínio.
      É na primeira infância, até os 6 anos, que a mente abre mais portas para o aprendizado - o que faz da educação infantil uma etapa fundamental da escolaridade, a ponto de governos de países desenvolvidos, como Estados Unidos e Dinamarca, destinarem recursos crescentes para essa área. A explicação é literalmente cerebral: imagine que, aos 8 meses de vida, um bebê possui 600 bilhões de sinapses, as conexões entre os neurônios que permitem a propagação dos impulsos nervosos. Quando chegar à idade adulta, o mesmo bebê terá cerca de 350 bilhões de sinapses. “A quantidade de conexões não é sinônimo de capacidade cerebral superior; e sim de mais caminhos de aprendizagem”, explica a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, autora de Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor (Sextante). Isso significa que os estímulos que a criança receber do ambiente as dificuldades que encontrar e as adaptações que fizer para sobreviver vão definir os caminhos de seu desenvolvimento. Com o tempo, o cérebro gravará as conexões que produziram resultados de sucesso - como aprender a falar e a escrever -, enquanto aquelas ligadas a habilidades inexploradas, como a da música para alguém que não aprendeu a tocar nenhum instrumento, serão descartadas como ineficazes ou desnecessárias. Sabendo desse leque imenso de possibilidades, é quase irresistível investir, por exemplo, no ensino de línguas estrangeiras, terreno onde há uma diferença clara entre crianças e adultos. A neurociência explica por que os pequenos aprendem tão facilmente: até os 10 anos, uma mesma área do cérebro é responsável por atribuir significado a palavras iguais em idiomas diferentes. Além disso, a criança não apenas reconhece os sons com mais rapidez como ainda consegue fazer os movimentos necessários para reproduzi-los sem  sotaque. Os pequenos ainda respondem agilmente aos ensinamentos musicais e são capazes de assimilar comportamentos e desenvolver sentimentos, como a empatia. "O aprendizado social também é uma conquista e deve ser estimulado nessa etapa", afirma o médico João Figueiró, presidente do Instituto 0 a 6, ONG paulista que investiga como os estímulos nessa faixa etária influenciam a formação. Estudos de longa duração mostram que as crianças estimuladas na infância dominam maior número de palavras, demonstram mais habilidade com estratégias matemáticas, têm uma vida escolar mais bem-sucedida e comportamentos sociais mais desenvolvidos. Alguns autores calculam que, para cada dólar investido na infância, economizam-se 10 dólares em programas sociais de compensação no futuro.

Malhação mental
     Mais do que explicar por que a primeira infância é espetacular para o aprendizado, a neurociência investiga como as informações se fixam no cérebro. Aí desponta uma novidade surpreendente: está em curso entre os neurocientistas um resgate da boa e antiga decoreba. Com o pressuposto (correto) de que estimular o raciocínio é essencial, ao colocarem em segundo plano o estímulo à memorização as escolas percorreram um caminho que, se extremado, prejudica o aluno. "Houve uma lamentável tendência ao desprezo pela memorização. Ensinar a pensar é fundamental, claro, mas deve vir lado a lado com a memorização, que nada mais é que o produto final do aprendizado", observa Suzana Herculano-Houzel. ''Tabuadas, fórmulas, poemas, nomes e datas são matéria-prima para o reconhecimento de padrões e a elaboração de pensamentos mais complexos. Quem precisa recorrer ao Google não tem as mesmas possibilidades de associação de ideias", complementa Suzana. Isso ocorre porque é preciso diferenciar a memória de longa duração, ou seja, aquilo que ao final fica registrado no cérebro (os conhecimentos formais, as estruturas, as sintaxes), e a memória de curta duração - fatos do dia a dia. "Você esquece como se resolve uma equação, por exemplo, mas as modificações feitas na mente de uma pessoa que estudou permanecem", explica a pesquisadora Elvira Lima, autora de Neurociência e Aprendizagem (lnter Alia). As pesquisas ainda estão trazendo para os holofotes o ensino de música e de artes, considerando que a mente humana trabalha como um todo: atenção, percepção, memória e processamento da linguagem se integram para formar representações e conceitos. "Um cérebro que estudou um instrumento musical dispõe de habilidades que têm impacto importante na aquisição de outros conhecimentos, como a matemática e a escrita", complementa Elvira. Como herança do nosso processo evolutivo, o cérebro também responde a gravuras, imagens e símbolos - então, a arte se filma como recurso poderoso para criar novas conexões.

Um olhar para os teens
       O comportamento dos adolescentes também está na mira dos pesquisadores. Estudos financiados pelos Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos descobriram, entre outras coisas, que muitas atitudes típicas dos teens, como o tédio e a atração pelo risco, não estão ligadas aos hormônios, mas ao desenvolvimento cerebral. O que se diferencia é o sistema de recompensa, ou seja, o conjunto de estruturas orgânicas que regulam as sensações de prazer. De repente, o que fazia a criança feliz não funciona mais; o jovem busca novas fontes de prazer, inclusive o sexo. Ao mesmo tempo, o cérebro adolescente se torna mais apto para o raciocínio abstrato: surge o interesse por filosofia, religião e outros temas. A lapidação mental continua, impulsionada por experiências que dependem da tomada de decisões - às vezes certas, às vezes na base da cabeçada. Por isso, na escola e em casa, é preciso estimular a autonomia  do jovem, deixando espaço para que novas experiências de vida entrem em cena, em um ambiente de vínculos fortes, respeito à privacidade e muita informação. Em um cérebro agora estimulado por outro sistema de recompensas, lições chatas perdem força. Por isso, outro ensinamento da neurociência moderna é a importância de motivar. "Sem motivação, não há prática, que é a base do aprendizado", afirma Suzana Houzel. Motivar significa propor atividades diversificadas, inusuais, que vinculem teoria e prática, e também oferecer desafios à altura da personalidade de cada um. "Aprender é desfazer os nós da mente, buscar respostas para perguntas feitas por curiosidade", explica Elvira. Se é verdade, como dizem os neurocientistas, que o cérebro é esculpido ao longo da vida por nossas vivências, confirma-se o poder decisivo e transformador da educação.

Cérebro  sem foco
        A exposição contínua ao ruído de fundo de uma TV prejudica a atividade intelectual, constatam estudos das universidades de Amsterdã, na Holanda, e lowa, nos Estados Unidos. Os especialistas acompanharam crianças de 8 meses a 8 anos que passavam quatro horas diárias em ambientes com o aparelho ligado. "Em qualquer idade, o cérebro não trabalha bem quando precisa se dividir entre diferentes tarefas", afirma a neuropsicóloga Ana Olmos, de São Paulo. A solução: só ligue a TV quando alguém for mesmo assistir e não instale um aparelho no quarto do seu filho nem onde a família faz refeições. "A recomendação vale também para rádio e computador ligados", diz Ana.

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                                                                                        (Revista CLAUDIA, junho de 2012.)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O PODER DA PALAVRA


   Na semana passada, a nossa Capela São Jorge vivenciou as Missões Redentoristas, como parte do trabalho que os padres missionários vinham realizando desde o mês de abril em nosso município e nos vizinhos Capão do Cipó e Unistalda.
    Certamente este foi o evento mais importante e significativo dos  últimos anos, pois muitas pessoas, inclusive eu, ainda não haviam vivenciado tal experiência aqui em Santiago. Por isso, ele movimentou centenas de habitantes das nossas comunidades  dos bairros e centro, com um interesse e um fervor ainda não constatado.
   Acompanhei os acontecimentos de alguns bairros por comentários de amigos. Mas, pelo que pude presenciar aqui na Vila Nova, faço uma ideia do que sucedeu nas outras também. Pessoas que eu nunca tinha visto na igreja, e outras que também pouco me viam, lotavam todas as noites a capela, além de participarem das outras atividades diárias.
    Muito do sucesso deve-se certamente aos trabalho dos missionários, incansáveis.
    Na nossa comunidade São Jorge, a presença do Pe. Cláudio Luiz foi, sem a menor dúvida, fundamental. Com o seu dinamismo, sua eloquência e veemência, ele foi o motor que nos conduziu nesses oito dias de trabalho. Suas palavras nos galvanizaram, emocionaram, estimularam, sacudiram e arrebataram, fazendo-nos ver o quanto vivemos acomodados em nosso mundinho, fechados em nossas vidas, distantes daquilo que Deus planejou para nós. E que é preciso sairmos de nós mesmos para irmos ao encontro dos outros.
     No início, ele teve o auxílio do Pe. Dionízio que, logo depois, precisou ir trabalhar com a comunidade da Vista Alegre, que ficava distante demais para participar com a São Jorge. Mas, com a sua força e disposição, o Pe. Cláudio Luiz conseguiu dar conta do recado muito bem.
    Nos oito dias de atividades aconteceram caminhadas diárias de orações, ás 6h30min, pelas ruas das imediações da capela (E olha que não é fácil cair cedo da cama!). Houve palestras para crianças, jovens, casais, professores, alunos; visitas a doentes e idosos que não podiam ir à capela; bênção do Santíssimo; missas solenes todas as noites, na capela; procissão luminosa em direção á Matriz, onde aconteceu a missa com a presença do bispo Dom Aluísio; missa de encerramento no domingo com almoço após. Tudo isso num clima de alegria, amizade, companheirismo, motivados pelo fervor despertado em nossos corações.
      Agora os missionários já se foram e cabe a nós que ficamos não deixar morrer a semente que foi plantada. Eles não estão mais aqui para nos motivarem, mas assuas palavras ficaram em nossos corações. E são elas que devem nos levar para a frente. Precisamos colocar os pés no chão, refletir, meditar, conversar e planejar o que iremos fazer para que a vivência religiosa em nossas comunidades seja renovada e o espírito de missão permaneça, pois agora os missionários somos nós.
  É necessário os líderes de cada comunidade se reúnam e planejem estratégias para levar adiante o que foi iniciado. Os encontros pós-missão já estão definidos, depois vêm os orientados pela diocese. Mas faz-se preciso que se dinamizem as atividades para que o entusiasmo não esmoreça e as pessoas não se desinteressem e se dispersem
    A continuidade vai depender dos grupos de família e da comunidade. E, em especial, de cada um de nós, que precisamos estar conscientes de que não somos mais os mesmos. Nós fomos chamados, recebemos um alerta, um convite para nos tornarmos efetivamente filhos de Deus que trabalham para serem realmente cristãos, irmãos que se preocupam com seus irmãos, que querem trabalhar pelo bem de cada um e do Reino de Deus.
  Porém, para isso será necessário desacomodar-se, deixar de lado por algumas horinhas o conforto do nosso sofá em frente da TV ou a cadeira da frente do computador, perder algum capítulo de novela ou jogo de futebol, enfrentar o frio de vez em quando... Mas vamos lá! Afinal, pensem que os nossos missionários redentoristas enfrentam isso todo dia!  Nós não podemos fazer isso um ou dois dias por semana???  Ou você ainda é daqueles que só se lembram de  Deus e Maria na hora do aperto??!!               
Lembre-se: DEUS  TE  AMA!   E está sempre esperando por ti!!!














segunda-feira, 18 de junho de 2012

E A GENTE ACREDITOU


  Texto publicado na seção Inspiração, Conversa com Danuza, revista Cláudia.

    Quantas mentiras nos contaram. Foram tantas que a gente bem cedo começa a se achar burra, incompetente e sem condições de fazer uma vida de sucesso, cheia de vitórias e felicidades. Uma das mentiras: que nós, mulheres, podemos conciliar perfeitamente as funções de mãe, esposa, companheira e amante e ainda por cima ter uma carreira profissional brilhante. É muito simples: não podemos.
     Se você se dedica de corpo e alma a seu filho recém-nascido, que na hora certa de mamar dorme e à noite, quando deveria estar dormindo, chora, com fome, é impossível estar sexy para cumprir um dos papéis considerados obrigatórios, o de amante. Aliás, nem o de companheira; quem consegue trocar uma ideia sobre política se não teve tempo de fazer as unhas?
      Mas a humanidade está aí, querendo convencer as mulheres - e os maridos - de que um peixinho com ervas ao forno com uma batatinha cozida al dente, acompanhado de um vinhozinho branco, é facílimo de fazer e que assim o casamento continuará tendo aquele toque de glamour de filme francês. Ah, quanta mentira.
      Outra diz respeito à mulher que trabalha; não à que faz de conta que trabalha, mas a que trabalha mesmo. No começo, ela até tenta se vestir no capricho, usar salto e estar sempre maquiada, mas cedo se vão as ilusões. Entre em qualquer local de trabalho às 4 da tarde e vai ver um bando de mulheres maltratadas, com o cabelo horrendo, sem um pingo do glamour da executivas da Madison (nos filmes). Dizer que o trabalho enobrece; isso pode até ser ver· dade. Mas ele também envelhece, resseca a pele. Não adianta: uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos os charmes - aqueles que enlouquecem os homens - precisa, fundamentalmente, de duas coisas: tempo e dinheiro. Tempo para hidratar os cabelos, fazer mechas, praticar  musculação, comprar uma sandália nova, depilar; e dinheiro para tudo isso e ainda para pagar uma boa empregada, o que também custa dinheiro. 
       É interessante a imagem da mulher que depois do expediente, vai ao toalete - um toalete
cuja luz é insuportavelmente branca e fria, retoca a maquiagem, coloca os brincos e sai alegremente para a happy hour. Aliás, se as empresas trocassem a iluminação de seus ele vadores e banheiros por lâmpadas âmbar, os índices de produtividade iriam ao infinito; não há autoestima feminina que resista quando elas se olham nos espelhos desses recintos.   
      Felizes são as mulheres que têm cinco minutos - só cinco - para decidir a roupa que vão usar no trabalho. Na luta contra o relógio, o uniforme termina sendo preto ou bege para tudo combinar sem que um só minuto seja perdido. Mas tem as outras, com filhos já crescidos: Quando chegam em casa, têm de perguntar com foi o dia na escola, procurar entender por que  eles estão agressivos. 
     E ainda há aquelas que têm um namorado que apronta, mas acham  que não conseguem viver sem ele, apesar de um grande cientista ter descoberto que só existem três coisas sem as quais não se pode viver: ar,  água e pão. 
     Convenhamos que é difícil ser um mulher de verdade; impossível mesmo, eu diria.


                                                               (Revista CLAUDIA, junho de 2012.)