segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

TENTANDO SER FELIZ



               As pessoas estão sempre em busca da felicidade. É algo inerente ao ser humano. O que atrapalha são as diferentes visões de felicidade que cada um de nós tem! Por quê?
              Vicente de Carvalho disse, num dos seus sonetos: “A felicidade existe, sim, mas não a encontramos / porque está sempre apenas onde a pomos/ E nunca a pomos onde nós estamos.”.
              Nada mais verdadeiro, porque as pessoas teimam em procurar a felicidade no futuro: ”amanhã eu terei muito dinheiro, o carro do ano, um(a) companheiro(a)  maravilhoso(a), viajarei muito...” E esquecem  de valorizar as pequenas felicidades do dia a dia: as pessoas que amam , a comida na mesa, o dia lindo, conversar com os amigos,  e tantas outras coisas boas que acontecem a cada dia e não valorizam ,porque estão apressadas, correndo atrás de algo que pensam ser a sua realização.
              E, neste ponto, como a mídia atrapalha! Ela coloca na cabeça das pessoas que, para serem felizes, elas precisam ter uma casa assim e assim, o carro de tal marca, usar tais e tais roupas e calçados, ir a esses e aqueles lugares, comportarem-se dessa ou daquela maneira... Um inferno! Se vais fazer tudo que te dizem que deves e comprar tudo que te sugerem, haja dinheiro! E muitos ficam frustrados, porque não podem, e “enlocam” por causa disso!  E com a campanha maciça todo santo dia martelando nos nossos olhos e ouvidos “hay que enloquecer”!
              Agora, todos os homens têm que ser atléticos, ter barriga de “tanquinho”! E dê-lhe correrias, malhar na academia, passar fome, tudo em nome da aparência! Não quero dizer que o cara vá “se atirar”, virar um “jaburu”, mas para quê tanta obsessão?! Para conquistar aquelas “gatas”? Sinceramente, se as “gatas” se interessarem mais pela tua barriga “de tanquinho”,elas não devem ter muita coisa dentro da cabeça e não te merecem!
             E as mulheres, então?! Todas devem ser magras, ter cabelos longos e lisos (de preferência loiros), andarem vestidas na última moda (quer dizer, meio “peladas” ou arrastando um vestidão na calçada). Em outras palavras, nada de originalidade ou criatividade, todas devem ser bonequinhas idênticas, saídas da linha de montagem de uma fábrica! Claro que não se deve descuidar da aparência, cuidar para não engordar demais (até porque é uma questão de saúde), mas não precisa parecer a Olívia Palito ou um “pau de virar tripa” como diziam antigamente. Um cabelo bem cuidado, seja qual for a cor ou comprimento, sempre é bonito. Eu acho lindo um cabelo crespo bem  tratado! Não sei por que esta mania de espichar, alisar, “torrar” o cabelo na chapinha para ficar liso! Isto é o resultado do que a mídia  e as fábricas de produtos para cabelos botaram na cabeça das mulheres, para ganharem milhões!
            Em resumo, todos têm que ser belos! Os que foram favorecidos pela Mãe Natureza são felizes! Os que não foram, correm atrás! E é um tal de botar botox, silicone, fazer lipoaspiração, cirurgia! Estica daqui, puxa dali, tira de lá, bota cá!...Todo mundo quer ser feliz! Francamente, acho que eu preferiria ser uma "jabucreia" a ter de passar por todo esse sofrimento!
             E nessa correria doida, todo mundo se esquece de que a felicidade é acordar todo dia, vivo e são, ter um trabalho, ter o que comer, ter uma casa para morar, ter uma família e amigos, aproveitar o que cada novo dia traz! Para que ficar esperando por uma “grande felicidade” amanhã e se lamentar porque ela está demorando a chegar? Abre os olhos, para um pouco e olha as pequenas felicidades que o dia a dia coloca diante de ti e tu teimas em não ver , pois olhas lá para a frente apenas!
            Mário Quintana dizia que os anjos costumam brincar de “rapa-bota-tira-deixa”. E a nossa história cotidiana é tecida ao acaso dos lances: há vezes em que não conseguimos nada, há outras em que conseguimos tudo. Até que sobrevém o R do “rapa-tudo” e os anjos nos recolhem.
                Então, para já com isso de esperar a “grande” felicidade do amanhã! Vive bem cada dia que passa! Anda!  Vai que o teu anjo da guarda brinque com os outros e tire o R do “rapa-tudo”!?! Aí ele te recolhe e tu não aproveitaste nada da tua vida! Só passaste por ela, ou pior, vegetaste na sombra!


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

“É BESTEIRA FICAR TENTANDO SER FELIZ.” (Contardo Calligaris)

           Aos 62 anos, Calligaris tem uma biografia que renderia um filme. Fugiu de casa, na Itália, aos 15 anos, para viver uma paixão em Londres. Viajou pela França, Suíça, Estados Unidos. Cursou Ciências Políticas, trabalhou como fotógrafo, estudou Letras e Filosofia. Precisando tratar de uma gastrite, decidiu fazer psicanálise e apaixonou-se elo assunto e foi para Paris, onde se especializou nessa ciência. Em 1985 veio para o Brasil fazer uma conferência e por aqui ficou.
            Além do trabalho como psicanalista, é colunista da “Folha de São Paulo”, publicou alguns livros, entre eles “O Conto do Amor” (2008), cuja continuação, “A Versão dos Fatos”, é esperada para este ano de 2011.
          Em uma entrevista à LOLA, em seu consultório em São Paulo, declarou que a ideia de felicidade total virou um produto de mercado. E que viver a complexidade de emoções e sentimentos é que faz a riqueza da experiência humana.   Eis algumas de suas colocações sobre o assunto:
Relacionamentos: Existe uma idéia errada de medir se um relacionamento deu certo pela sua duração. Um relacionamento dá certo pela sua qualidade, não importa o tempo que dure.
Busca da felicidade: Isto se tornou um produto de mercado. Serve apenas para ajudar a vender uma série de coisas que prometem nos fazer felizes.Eu não quero ser feliz porque preso a experiência na sua variedade e intensidade.Quero viver a complexidade de emoções e sentimentos que faz a riqueza da experiência
humana. Quero viver com alegria, inclusive as dores que a vida me apresentar. É doloroso, mas é crucial e comum a todos.
Sucesso: Se você deseja muito uma coisa, vai ter certa dose de frustração, porque existem coisas que você deseja e não terá. Mas não quer dizer que se deva viver uma vida limitada e sonhar pequeno para evitar possíveis decepções. Parar de desejar não é uma boa tática. O nosso tempo de vida é relativamente curto e o que faz a vida valer a ena é a diversidade de coisas vistas, conhecidas e tentadas.
Idealização:É impossível viver sem idealizar. Quem não tem esta capacidade é um sério candidato a uma depressão séria. Só não se pode idealizar demais para não sair da realidade.
A aprovação dos outros: A sociedade urbana e moderna é um mundo no qual somos quem somos graças ao olhar dos outros, de como nos veem, de como nos apreciam ou não.
Carência afetiva:É um sinal dos tempos. Não tentamos compensar a carência afetiva saindo com um monte de gente, mas saímos com um monte de gente para preservar a carência afetiva.As pessoas não se prendem a um único relacionamento para se manterem disponíveis para os que possam surgir.
Hipervalorização do sexo:É uma hipervalorização discursiva, não corresponde a um real desejo sexual, é mais uma atuação desse desejo. Minha impressão é que a média das pessoas tem pouco prazer sexual, uma vida sexual muito reduzida. A maioria dos casais transa pouco e porcamente, frquentemente por dever.
Liberdade: A liberdade é um fardo. Implica um alto nível de responsabilidade nas escolas que fazemos e gera uma série de incertezas sobre o que realmente desejamos. Não existe desejo que não implique perdas. É muito mais fácil ser um objeto nas mãos dos outros, pois idealizamos isso como sendo nosso conforto quando éramos crianças e vivíamos cercados de pessoas que nos diziam o que pensar e fazer. Por isso, os adultos têm um certa nostalgia da dependência.
A obsessão pela magreza: O higienismo se tornou, a partir do século XIX, uma das maneiras de controlar a nossa vida. É ele que diz o que devemos comer e fazer para ter uma vida saudável. É claro que trouxe coisas importantes, como o fato de termos começado a nos lavar. Mas trouxe uma ideologia pesadíssima. A magreza veio com isso e também a sensação de que o gordo é anti-higienista, inimigo das práticas que levam à saúde do corpo. Mas é importante considerar que nada disso tem a ver com a dinâmica da sedução, t5em a ver com uma dinâmica narcisista. Quem vai para a academia, malha para se mostrar para as pessoas do mesmo sexo. É o prazer de ser invejado.
Velhice: Envelhecer é se aproximar da morte e a morte não é legal.Todos sabemos que vamos morrer, mas sabemos mais isso aos 70 do que aos 25.Quando tinha 20 anos, alguém de 60 anos me parecia muito velho. É engraçado como essa percepção mudou ao longo dos anos. Hoje francamente não vejo diferença entre o que era minha vida aos 30 e o que é agora. Passei por algumas doenças, mas estou longe de sentir o peso do envelhecimento.

SABEDORIA POPULAR


“Mais tem Deus para me dar que o diabo para me  tirar.”

“Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca termine.”

“Dia de muito, véspera de nada.”

“O diabo tanto mexeu no olho do filho que entortou.”

“Neste mundo tem louco pra tudo.”

“Ninguém mais louco do que o povo.”

“Nunca deixe o amor velho pelo novo que há de vir. O novo vem e volta, e o velho vem a servir.”

“Quem o feio ama, bonito lhe parece.”

“Amor louco dura pouco.”

“Onde há muito riso, há pouco siso.”

“A fruta não cai longe do pé.”

“Quem sai aos seus não degenera.”

“Mais vale um gosto do que três vinténs.”

“Antes querida, do que aborrecida.”

“Dize-me com quem andas e te direi quem és.”

“Cada macaco no seu galho.”

“É melhor um pássaro na mão do que dois voando.”

“Uma andorinha só não faz verão.”

"Mais vale um gosto do que três vinténs."

domingo, 13 de fevereiro de 2011

HÁ RICOS E RICOS!

             Na revista LOLA nº 5, chamaram-me a atenção dois assuntos, pelo contraste que achei existirem entre eles.
                No primeiro, “Os bonzinhos rodopiam”, fala-se sobre os bailes de caridade que reúnem ricaços, famosos e generosos em geral, tomados pela febre filantrópica que se expande pela América.  De dois anos para cá, a revista Forbes organizou um ranking de campeões em doações a entidades sem fins lucrativos. A partir daí, gente como Steve Jobs, fundador da Apple, desistiu, como disse ele, de ser “a pessoa mais rica do cemitério” e engajou-se nessa campanha de doar. Nomes como Warren  Buffet, Mike Bloomberg, Bill Gates, Mark Zuckerberg, George Lucas , incentivados por um sistema tributário que premia quem decide distribuir riqueza, competem entre si, doando milhões de dólares. Reúnem-se em bailes de gala no Waldorf Astoria , no Plaza, no Pierre (todos em Nova York), que recebem de 700 a 1200 convidados e chegam a arrecadar até 7 milhões de dólares por evento.
        Tais eventos beneficiam uma grande variedade de causas e entidades: hospitais, museus, veteranos de guerras, pesquisas médicas, educação, meio ambiente e outros. Tradicionalíssimos, esses bailes de caridade estão cada vez mais diversificados e prestigiados, envolvendo uma quantidade enorme de pessoas na preparação da festa e dos cardápios dos jantares. Até o Brasil se envolve em tais eventos, como o promovido pela Brazil Foundation, entidade brasileira sediada em Nova York e que ajuda cerca de 300 instituições aqui do nosso país, a qual arrecadou em setembro do ano passado 2,4 milhões de dólares num baile de gala no Metropolitan Museum of Art.
            O segundo texto a me chamar a atenção, pelo contraste com o primeiro, foi “Eu tenho...você não tem...”, que aborda a incrível e megalômana disputa entre um bilionário russo e um xeique árabe pela posse do maior iate do planeta. O bilionário russo Roman Abramovich acaba de inaugura, em um estaleiro da Alemanha, o “Eclipse”, a maior embarcação de luxoparticular do mundo; custou 500 milhões de dólares, tem 8 deques, dois helipontos, discoteca, minissubmarino acoplado, 11 suítes de luxo, duas piscinas, sistema antimíssil, escudo antipaparazzi . Enfim, uma parafernália incrível! Por 9onde passa provoca um bafafá e todo mundo pensa que é um transatlântico!

         Tal aparato provocou uma enorme “dor de cotovelo” no xeique Mohammed Bin Rashid al-Maktoun, príncipe de Dubai, que é dono do iate “Dubai”, considerado desde 4 anos atrás o maior do gênero. O príncipe prometeu que vai retomar seu posto, pois não é homem de segundos lugares. Vai reformar seu barco, deixandoó maior com, provavelmente, uma praia artificial na popa da embarcação. Afinal, o iate do russo ficou só um metro maior do que o seu.

             Só para se ter uma idéia da competição entre os dois. vejamos.Abramovitch é o 50º homem mais endinheirado do mundo (Forbes); namora a belíssima Dasha Zhukova, filha de um magnata russo. Uma das mulheres mais influentes do aquário fashion”; tem o maior jato do mundo, um Boeing; é dono do time de futebol inglês Chelsea.  O xeique Mohammed é dono do maior edifício do mundo, o Burj Khalifa, de 828 metros de altura, que custou quase 2 bilhões de dólares; tem a propriedade da Palm Islands, as maiores ilhas artificiais do mundo, pólos turísticos e executivos em pleno Golfo Pérsico. Portanto, os dois são homens de listas, adoram aparecer nelas!
              Por que esses dois malucos, que só enxergam o próprio umbigo, não vão fazer alguma coisa de útil pelas pessoas que precisam e ajudar a resolver algum dos graves problemas que afligem a humanidade,  é o que eu fiquei me perguntando! 

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

QUINTANARES

“O fantasma é um exibicionista póstumo.”          

“O deserto é Deus sem os homens.”

“Cidade grande: dias sem pássaros, noite sem estrelas.”

“Enforcar-se é levar muito a sério o nó na garganta.”


“Há duas espécies de livros: uns que os leitores esgotam, outros que esgotam os leitores.”


“Democracia é dar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, isso depende  de cada um.”

“A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda.”

“Anjo: ser celestial metediço na vida terrena, uma espécie de Relações-Públicas de Nosso Senhor.”

“Guerra: método prático de Geografia.” 
“Nem todos podem estar na flor da idade, é claro. Mas cada um está na flor da sua idade.”

“Canibalismo: maneira exagerada de apreciar o seu semelhante.”

“Meditação: vício solitário.”

“Otimismo: filosofia forçada.”

“O que eles chamam de nossos defeitos é o que nós temos de diferente deles. Cultivemo-los pois, com o maior carinho, esses nossos benditos defeitos.”

“Estas distâncias astronômicas não são tão grandes assim: basta estenderes o braço e tocar no ombro do teu vizinho.”

“Só Deus, que é único, que não tem par, poderia dizer o que é solidão.”

“Desconfio que essas frases históricas foram inventadas pelos historiadores, pois como poderiam os grandes homens terem tido, todos eles, aquele mesmo estilo de dramalhão?”

“Todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!”

“Eles confundem homem famoso com tipo popular.”

“Dizem os comunistas que a religião é o ópio do povo; outros dizem que o ópio do povo é precisamente o comunismo; se pedissem a minha opinião, eu diria que o ópio do povo é  o trabalho.”

“Por que será que as pessoas virtuosas parece que estão sempre representando?”
“Morte: nada de maior, simples passagem de um estado para outro, assim com quem se muda do Rio Grande do Sul para Santa Catarina.”

“Pobres: espetáculo predileto dos ricos.”

“Ricos: espetáculo predileto dos pobres.”

“Poesia não é a gente tentar em vão trepar pelas paredes, como se vê em tanto louco por aí: poesia é trepar mesmo pelas paredes.”

“A imaginação é a memória que enlouqueceu.”

“Desconfio muito que, nos dias de nevoeiro, os fantasmas aproveitam para passear incógnitos pelas ruas...”

“Quando eu era guri, eu tinha de me calar à mesa: só as pessoas grandes falavam.Agora, depoi8s de adulto, tenho de ficar calado para as crianças falarem.”

“Esse tic-tac dos relógios é a máquina de costura do Tempo a fabricar mortalhas.”

“A verdadeira couve-flor é a hortênsia.”

“Essa fúria de limpeza que ataca periodicamente as donas de casa não será por acaso uma lavagem de consciência culpada?”

“A modéstia é a vaidade escondida atrás da porta.”

“O trabalho é a farra dos velhos.”

“Os extrovertidos são julgados normais. Quanto aos introvertidos, chegam a submetê-los a tratamento. Mas para curá-los de quê? De não poderem ser chatos como os outros?”

“Os clássicos escreviam tão bem porque não tinham os clássicos para atrapalhar.”

“A gente deve atravessar a vida como quem está gazeando a escola e não como quem vai para a escola.”

“Falam muito no Sono Eterno. Sempre falaram, aliás... E daí? Só uma coisa me impressiona, e muito: a ameaça de uma Insônia Eterna.”

“O destino é o acaso atacado de mania de grandeza.”

“A gente adoece mesmo é de nome feio recolhido.”

“Chocante o caso da minha geração: é, em geral, a história de um menino que nasceu e foi criado numa casa de intolerância.”

“O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser o nosso futuro...”

“Nada tão fácil como assassinar hoje em dia uma mulher. Pode ela gritar que nem uma heroína de telenovela. Os vizinhos pensarão que é isso mesmo.”

“Cineastas, romancistas, psicólogos e outros psis – como se preocupam eles com o problema da solidão! Por quê? O único problema da solidão consiste em como preservá-la.”

Clair de lune, chiaro de luna, claro de luna... Jamais os franceses, os italianos e os espanhóis saberão o que seja o luar, que nós bebemos de um trago numa palavra só.”

“Não me ajeito com os padres, os críticos e os canudinhos de refresco...Não há nada que substitua o sabor da comunicação direta.”

“O livro traz a vantagem de a gente estar só e ao mesmo tempo acompanhado.”

“O tempo é um ponto de vista dos relógios.”

“Todas as antigas civilizações, por mais isoladas umas das outras, no tempo e no espaço, sempre começaram descobrindo três coisas: a poesia, a bebida e a religião.”

“Tudo já está nas enciclopédias e todas dizem as mesmas coisas. Nenhuma delas nos pode dar uma visão inédita do mundo. Por isso é que leio os poetas. Só com os poetas se pode aprender algo novo.”

“As pessoas sem imaginação podem ter tido as mais imprevistas aventuras, podem ter visitado as terras mais estranhas...Nada lhes ficou. Nada lhes sobrou. Uma vida não basta apenas ser vivida: também precisa ser sonhada.”

“Uma formiguinha atravessa, em diagonal, a página em branco. Ele aquela noite não escreveu nada. Para quê? Se por ali já havia passado o frêmito e o mistério da vida?...”

“Os sorrisos mais encantadores que agente recebe na vida são os desses candidatos em vésperas de eleições...”

“Pior, muito pior mesmo do que as lágrimas de crocodilo são os sorrisos de crocodilo...”

“A Gioconda é uma chata.”

“Mas para que interpretar um poema? Um poema já é uma interpretação.”

“O ruim dos filmes de Far West é que os tiroteios acordam a gente no melhor do sono.”

                                                             Fonte: “Na Volta da Esquina”, Mário Quintana.


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O HOMEM SÁBIO

             Outro dos capítulos de que gostei, no livro “1822”, é o que fala sobre José Bonifácio de Andrada e Silva, pois os livros didáticos pouco comentam sobre ele, a não ser como o Patriarca da Independência. Mas, de como chegou lá, pouco se fala.
            Natural de Santos, foi para a Europa aos 20 anos, formando-se em Direito, Filosofia e Matemática pela Universidade de Coimbra. Depois, viajou por vários países europeus para estudar Química e Mineralogia. Logo tornou-se um cientista conhecido e respeitado. Presenciou a Revolução Francesa e participou da luta em Portugal invadido por Napoleão. Tornou-se, então, um funcionário graduado da Coroa Portuguesa, onde trabalhou por muito tempo. Aos 56 anos, pediu licença a D. João para retornar ao Brasil, pois se encontrava cansado e queria passar seus últimos anos na terra natal, Santos, junto com os seus familiares.Obtida a autorização, chegou ao Brasil em 1819, acompanhado da esposa, a irlandesa Narcisa Elvira O’Leary, e três filhas.
              Todavia, o que ele não sabia era que estava destinado a desempenhar um grande papel na História do Brasil, como o principal conselheiro do príncipe D. Pedro, num momento importantíssimo como o da construção da Independência do Brasil!
              Embora fossem diferentes no saber, na experiência e na idade, Bonifácio e D. Pedro eram parecidos na forma inquieta de viver, embora a História o retratasse como um homem sisudo e austero, numa visão errada. Bonifácio era boêmio e bom de copo, gostava duma farra, era poeta e bom contador de histórias, amava as mulheres e teve várias amantes,que lhe deram dois filhos bastardos. Também era exímio no manejo da espada e dizem que matou quatro homens em duelos.
              O estilo desassombrado de viver fez D. Pedro ficar fascinado por Bonifácio, quando se encontraram no início de 1822. Após ter sido procurado por um emissário do Rio de Janeiro, que trazia as notícias das exigências cada vez maiores das cortes portuguesas, Bonifácio  chegou ao Rio, no dia 18 de janeiro de 1822, junto com os deputados de São Paulo e já nomeado ministro, mesmo contra sua vontade. Dª Leopoldina já fora encontrá-lo a meio caminho, preocupada com o impulsivo e inexperiente marido, D. Pedro, que precisava de apoio e orientação naquele momento tão difícil e importante. 
              Recebidos no palácio, Bonifácio relutava em aceitar o cargo, só o fazendo depois de uma conversa a sós com D. Pedro. O que conversaram não se soube, mas provavelmente Bonifácio teria exigido de D. Pedro a promessa solene de que não sairia do Brasil em hipótese alguma, já que o projeto de governo de Bonifácio era a Independência com o Brasil unido em torno de D. Pedro, numa monarquia constitucional. Tinha outros planos, tais como uma profunda reforma na estrutura social e econômica, com a extinção do tráfico de escravos e uma gradual abolição da escravatura, reforma agrária e educação para todos, planos esses surgidos da sua vivência na Europa por muitos anos. Todavia, não conseguiu realizar estes, devido ao conflito de interesses eao pouco tempo que permaneceu no ministério.
               Bonifácio esteve à frente do  ministério de D. Pedro por apenas 18 meses, de janeiro de 1822 a julho de 1823, mas nenhum outro homem público brasileiro realizou tanto em tão pouco tempo. Na época, havia diversos grupos de interesses dentro da sociedade brasileira, D. Pedro oscilava entre as exigências das cortes portuguesas e a pressão dos grupos radicais da maçonaria, além da influência dos amigos boêmios e oportunistas, como o famoso Chalaça. Bonifácio afastou os oportunistas e tornou-se um elo, uma solda entre os vários interesses e o príncipe.
              Apoiado e incentivado por Dª Leopoldina, por ocasião da famosa viagem de D. Pedro a São Paulo, Bonifácio não teve dúvidas em escrever a proclamação da Independência, que foi assinada pela princesa, e enviá-la, junto com as últimas cartas chegadas de Portugal, ao jovem príncipe que, enraivecido e incentivado, fez a proclamação histórica às margens do riacho Ipiranga. Isso o transformou no Patriarca da Independência, o mais importante personagem da Independência do Brasil ao lado do próprio D. Pedro.
              Mais tarde, as divergências entre os dois, principalmente depois da dissolução da primeira constituinte brasileira, em novembro de 1823, Bonifácio foi preso e deportado para a França e se converteu num áspero crítico de D. Pedro. Todavia, voltou do exílio seis anos depois e reencontrou um D. Pedro amadurecido pelas lutas políticas. E, com surpresa, viu o imperador nomeá-lo responsável pela educação dos filhos, entre eles o futuro D. Pedro II, antes de abdicar do trono e retornar à Europa, em 1831. Nos anos seguintes, foi alvo de perseguições e tramas políticas de adversários que não o desejavam perto do herdeiro, sendo afastado da tutoria de D. Pedro II em 1833.
               Bonifácio morreu  em 6 de abril de 1838, na ilha de Paquetá, na baía da Guanabara, onde se recolhera em exílio voluntário, desiludido com os rumos da política brasileira. Hoje os seus restos mortais estão depositados no Panteão dos Andradas, monumento erguido em memória à família do Patriarca, na cidade de Santos, pelos serviços prestados à Pátria por ele e seus irmãos Antônio Carlos e Martim Francisco.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A EVOLUÇÃO DE UM HOMEM

               Na postagem anterior, comentei sobre Dª Leopoldina, a primeira esposa de D. Pedro I. Nada mais justo do que falar sobre ele agora.
                O jovem príncipe, segundo Laurentino Gomes (“1822”) foi “um meteoro que cruzou os céus  da História numa noite turbulenta”. Poucos personagens passaram para a posteridade de maneira tão controvertida, mostrado ora de uma forma, ora de outra, como se pode ver em filmes, minisséries ou novelas de televisão.
                Nasceu em1798, no palácio de Queluz, Portugal, e chegou ao Brasil aos 9 anos, junto com toda a família real portuguesa. Embora fosse inteligente, teve uma educação irregular, pois, gostava música e matemática, mas na escrita evidenciava domínio precário da língua portuguesa, cometendo erros de ortografia, concordância e, principalmente, pontuação, a ponto de ser chamado à atenção por D. João VI, seu pai, em suas correspondências. Quanto à sua linguagem, era péssima para um príncipe. Vivendo a maior parte do dia junto com os lacaios e criados, ou dos filhos destes, usava a mesma gíria grosseira e obscena, entremeando na conversa expressões que nunca deveriam sair da boca de um homem bem-educado.
               Não tinha paciência com as regras e restrições do cerimonial, era genioso e explosivo como a mãe. Adorava cavalgar e disputar corridas, tendo sofrido várias quedas. Gostava de jogar,mas era mau perdedor, fazendo cenas péssimas quando perdia. Impulsivo, voluntarioso e volúvel, tinha súbitas alterações de humor e violentas e repentinas explosões, que dificultavam a convivência com ele. Talvez isso explique o episódio da agressão à Dª Leopoldina, a qual teria causado a morte da mesma. Além disso, sofria ataques de epilepsia, que o faziam rolar pelo chão em convulsões.
              Na política, evoluiu rapidamente: no começo indeciso sobre a causa dos brasileiros e até contrário a ela, devido à fidelidade ao pai, foi levado pelos acontecimentos. O primeiro foi a ordem de voltar imediatamente a Portugal; o segundo, foi a morte do filho primogênito, João Carlos, ainda bebê. A partir daí, predominou nele o homem determinado a seguir o caminho que o levaria até a Independência
              Sua vida privada foi intensa e tumultuada, povoada por farras, noitadas e amigos de má reputação e, claro, de mulheres. Seu grande parceiro e alcoviteiro nas aventuras era o português Francisco Gomes da Silva, o “Chalaça”.  Essa agitada vida noturna tornou D. Pedro pai de inúmeros filhos, tidos com as esposas e amantes.
             Tal vida agitada só se acalmou um pouco após a morte de Dª Leopoldina e o segundo casamento. Encarregado de procurar nas cortes européias uma outra princesa para casar com D. Pedro, o Marquês de Barbacena encontrou dificuldades, pois a fama do jovem príncipe não era  das melhores entre a nobreza da Europa, principalmente após a morte de Dª Leopoldina. Após  várias recusas, teve de se contentar com uma princesa de segunda linhagem: D. Amélia de Beauharnais Leuchtenberg,  a quarta filha do general Eugênio de Beauharnais e sua esposa, a princesa Augusta da Baviera. Eugênio era filho de Josefina Bonaparte e seu primeiro marido, o visconde Alexandre de Beauharnais, bem como filho adotivo de Napoleão Bonaparte, que o fez vice-rei da Itália.  Como estirpe, nem se comparavam com os Habsburgos austríacos!
           Dª Amélia foi uma compamheira dedicada e fiel até o fim da vida do marido. Deu-lhe uma flha, Maria Amélia (1831). Depois do seu casamento com D. Pedro, houve apenas vagas referências a romances passageiros do imperador.
          No que se refere à vida política, D. Pedro continuava envolvido com os problemas para a consolidação da Independência, agravados com a morte de D. João VI, em Portugal, que o levou a ter de solucionar os problemas de dois reinos. FoI rei de Portugal, com o nome de Pedro IV, entre março e maio de 1826, quando abdicou em nome da filha mais velha Maria da Glória, o que o tornou um avalista do processo político português, pois teria que assegurar os direitos da filha até que ela atingisse a maioridade e assumisse o trono. Na prática, governava dois reinos: Brasil e Portugal.  Essa situação o induspunha cada vez mais com os políticos e o povo brasileiro, que estavam sempre desconfiando dele. Até que, em abril de 1831, levado pelos tumultos que tomavam as ruas do Rio de Janeiro, abdicou do trono brasleiro em favor de seu filho D. Pedro II, deixando-o, e às irmãs, sob a tutela de José Bonifácio de Andrada e Silva.
                Já em Portugal, em 1832, precisou enfrentar, durante dois anos, uma guerra civil longa e sangrenta contra seu irmão D. Miguel pelo trono de Portugal. Os dois irmão eram diferentes em tudo: Pedro herdara o caráter da mãe, era ativo, irrequieto, aventureiro, namorador; Miguel tinha o caráter do pai, era apegado á etiqueta, à tradição e ao protocolo. Seus traços delicados e bonitos levantavam suspeitas sobre sua filiação: corriam rumores de que seria filho do marquês de Marialva, e até de que seu pai seria filho de um caseiro da quinta onde Carlota Joaquina gostava de veranear em Portugal.
              As diferenças entre os irmãos eram profundas até na política: Pedro era liberal e modernizador, Miguel era conservador e adepto do absolutismo. MigueL traiu a proposta do irmão de assumir a regência provisória, jurar a constitição e casar-se com a sobrinham, entregando-lhe o poder quando atinigisse a maioridade. Fingindo aceitar, chegou a Portugal, assumiu a regência, dissolveu as câmaras, convocou as cortes que o declararam rei, anulando tudo o que D. Pedro havia feito. Instalou-se o terror: prisões, enforcamentos, deportações, confisco de propriedades, etc.
              Após a abdicação, em 1831, D. Pedro foi para a Europa buscar apoio da França e da Inglaterra para lutar contra o irmão usurpador. Não conseguindo, lançou mão de sua própria fortuna pra organizar a luta. A partir da ilha Terceira, nos Açores, organizou-se um ataque a Portugal, que aconteceu em 1832, com a tomada da cidade do Porto, operação que se tornou sofrida e difícil, pois as tropas de D. Pedro ficaram cercadas na cidade. D. Pedro revelou-se um chefe militar dedicado e carismático, estando presente em todos os momentos e lugares.
        O término do cerco dos liberais na cidade do Porto e a vitória de D. Pedro só aconteceram porque a Inglaterra resolveu ajudar e forneceu navios, armamentos  e homens bem treinados, que desembarcaram em Portugal e ajudaram na luta. Finalmente, em maio de 1834, assinou-se o tratado de rendição e D. Miguel partiu para o exílio definitivo.
         Mas os três anos de luta por Portugal terminaram com a já precária saúde de D. Pedro, que já não era boa, devido à vida desregrada que levara durante anos. Tomado pela tuberculose, entrou em colapso e faleceu em 24 de dezembro de 1834, poucos dias antes de completar 36 anos.Uma vida curta, agitada, mas que deixou marcas profundas nos dois países pelos quais lutou.
         Foi sepultado na Igrejade São Vicente de Fora, em Lisboa, mas seus restos foram trazidos para o Brasil em 1972, no Sesquicentenário da da Independência, e estão no Mausoléu da Independência, em São Paulo. Seu coração, porém, por determinação dele, foi retirado e colocado numa ânfora, que permanece guardada na Igreja da Lapa, na cidade do Porto, em Portugal, que tanto significou para ele na vitória sobre o irmão usurpador.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A PRINCESA TRISTE

                  Este foi  o título que Laurentino Gomes, em seu livro “1822”, deu ao capítulo em que fala sobre Dª Maria Leopoldina de Habsburgo, a primeira Imperatriz do Brasil, esposa de D. Pedro I. É um trecho do livro que nos deixa penalizados por essa jovem princesa que viveu tão pouco, mas deixou sua marca na História do Brasil, graças ao papel fundamental que teve na Independência. Sim, porque foi ela, junto com José Bonifácio, que a arquitetaram: Bonifácio escreveu a declaração de Independência e Leopoldina a assinou e enviou a D. Pedro, que ainda estava em São Paulo. “Ou seja, do ponto de vista formal, a Independência foi feita por Leopoldina e Bonifácio, cabendo ao príncipe apenas o papel teatral de encená-la na colina do Ipiranga.”(1822, p. 136).
                  Leopoldina nascera “no berço mais dourado da época, a corte da Áustria,uma das mais ilustres e educadas da Europa”. Era filha do imperador Francisco I, sobrinha da rainha Maria Antonieta, da França, e irmã de Maria Luísa, segunda esposa de Napoleão Bonaparte. Aos 20 anos, casou por procuração com o príncipe D. Pedro (representado pelo marquês de Marialva) e chegou ao Brasil em 1817, para conhecer seu marido e iniciar sua vida de casada.
                  A jovem princesa,na visão de historiadores da época, reunia um conjunto de virtudes notáveis: era inteligente, culta, educada, tinha boas maneiras  e era sensata; mas não tinha o fundamental para o jovem marido: beleza e sensualidade. Era “uma louraça feiarona”, sem garbo de princesa. E, por isso, talvez, acabou tendo o destino da mulher certa casada com o homem errado!
                  Chegou ao Brasil cheia de sonhos e curiosidade pelo novo país, de devotamento ao marido e boa vontade para com a nova família. Acostumada à vida de estudos, passeios, à cultura de Viena, caiu aqui numa corte “conservadora, carola, triste e cheia de intrigas”, de gente rude, grosseira. O ambiente era o pior possível: um calor sufocante, mosquitos que infernizavam, os arredores do palácio eram um depósito dos dejetos de seus habitantes, o que causava um mau cheiro pavoroso. A vida cultural era mínima e pobre.
                   Nos primeiros anos, manteve as ilusões através do estudo e dos passeios com o marido. Mas, à medida que o tempo passava e as gravidezes e partos ocorriam (teve nove, um a cada ano, delas sobrevivendo 7 filhos), Leopoldina tornou-se uma matrona gorda, rosada e de olhos azuis. Não gostava de usar espartilho, o que deixava à mostra o corpo flácido e de curvas exageradas. Um cronista francês chegou a descrevê-la como “uma cigana malvestida, com os cabelos desalinhados, que pareciam não ter sido penteados havia mais de uma semana”. Também era descuidada nas roupas, muitas vezes velhas, surradas e pouco limpas.
                   À medida que Leopoldina se descuidava da aparência, D.Pedro ficava mais abusado em suas aventuras extraconjugais, antes bem dissimuladas. Envolvida com as questões políticas que fervilhavam, vendo as atitudes do marido, sofrendo com seu gênio grosseiro e explosivo, tornou-se uma mulher adulta que encarava a vida sem ilusões. Desiludida com o marido, com a vida social medíocre do Rio de Janeiro e a resignação de que nunca mais voltaria à Europa, começou a entrar em depressão, agravada pelas humilhações públicas das constantes atenções de D. Pedro em relação a Domitila de Castro, sua amante favorita.
                  Leopoldina chegou ao ponto de passar dificuldades financeiras e viver de empréstimos junto a agiotas, pois não recebia regularmente a mesada para seu sustento e dos filhos, e também, sendo muito caridosa,  gastava demais socorrendo pessoas necessitadas. Chegou ao ponto de, ao morrer, o parlamento precisar votar uma dotação orçamentária de emergência para pagar os seus credores.
                   No dia 29 de novembro de 1826, doente e deprimida, presidiu uma reunião do conselho de ministros. Logo depois, começou a ter febre alta e crises de convulsão. No dia 2 de dezembro abortou o feto de um menino (sua nona gravidez) e morreu no dia 11 de dezembro, um mês antes de completar 30 anos.
                   As circunstâncias que envolveram sua morte nunca foram bem esclarecidas. Os boatos da corte e uma carta  que escreveu à sua irmã Maria Luísa, três dias antes de morrer, em que faz alusões veladas a um “atentado horroroso”, indicam que teria tido uma discussão violenta com D. Pedro, na presença de Domitila, e que este a teria agredido com um pontapé no abdômen.
                   A notícia de sua morte comoveu toda a cidade, especialmente o povo, que a amava. Assim, terminou de maneira trágica a vida da jovem princesa austríaca que viera para o Brasil cheia de sonhos. Mas ela não viveu em vão. Apesar de morrer com  incompletos 30 anos, deixou ao país o legado da sua independência, que ela arquitetou e ajudou a consolidar, com cartas escritas ao pai e ao sogro,  intercedendo pelo reconhecimento desta. Quem hoje em dia conseguiria tanto? Só os predestinados!