sábado, 29 de outubro de 2011

DESABAFO DE UMA MULHER MODERNA

RECEBI  DE  UMA  AMIGA  E RESOLVI  REPASSAR. SE  NÃO  CONCORDAMOS, PELO MENOS  É  ENGRAÇADA!

    São 6h.O despertador canta de galo e eu não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede.
     Estou tão cansada, não queria ter que trabalhar hoje.
  Quero ficar em casa, cozinhando, ouvindo música, cantarolando, até.
    Se tivesse cachorro, passeando pelas redondezas.          
    Aquário? Olhando os peixinhos nadarem.
     Espaço? Fazendo alongamento.
     Leite condensado? Brigadeiro...
  Tudo menos sair da cama, engatar uma primeira e colocar o cérebro pra funcionar.
     Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a matriz das feministas que teve a infeliz ideia de reivindicar direitos à mulher e por quê ela fez isso conosco, que nascemos depois dela.
     Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós, elas passavam o dia a bordar, trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos, temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das hortas, educando as crianças, frequentando saraus. A vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.
    Aí vem uma “fulaninha” qualquer, que não gostava de sutiã nem tão pouco de espartilho, e contamina as várias outras rebeldes inconsequentes com ideias mirabolantes sobre "vamos conquistar o nosso espaço".
     Que espaço, minha filha???!!!!! Você já tinha a casa inteira, o bairro todo, o mundo aos seus pés.
     Detinha o domínio completo sobre os homens, eles dependiam de você para comer, vestir, e se exibir para os amigos, que raio de direitos requerer?
    Agora eles estão aí, todos confusos, não sabem mais que papéis desempenhar na sociedade, fugindo de nós como o diabo foge da cruz.
Essa brincadeira de vocês acabou é nos enchendo de deveres, isso sim. E nos lançando no calabouço da solteirice aguda.
   Antigamente, os casamentos duravam para sempre, tripla jornada era coisa do Bernard do vôlei - e olhe lá, porque naquela época não existia Bernard do vôlei.
       Por que, me digam por quê, um sexo que tinha tudo do bom e do melhor, que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com o macharedo?
     Olha o tamanho do bíceps deles, e olha o tamanho do nosso. 
     Não aguento mais ser obrigada ao ritual diário de fazer escova, maquiar, passar hidratantes, escolher que roupa vestir, e que sapatos, acessórios usar. Que perfume combina com meu humor, nem de ter que sair correndo.
      Somos fiscalizadas e cobradas por nós mesmas a estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, cheirosas, unhas feitas, sem falar no currículo impecável, recheado de mestrados, doutorados, pós-doutorados e especializações (ufffffffffffffffffff!!!!!!!)...
     Viramos super mulheres, continuamos a ganhar menos do que eles, lavar, passar,cozinhar e cuidar dos filhos da mesma forma. E ainda temos que dividir as despesas da casa.
       Não era muito melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira do balanço?
  Chega, eu quero alguém que pague as minhas contas, abra a porta para eu passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores com cartões cheios de poesia, faça serenatas na minha janela (ai, meu Deus, já são 6:30h, tenho que levantar!), e tem mais, que chegue do trabalho, sente no meu sofá, e diga "meu bem, me traz uma dose de café, por favor!".
     Descobri que nasci para servir. Vocês pensam que eu tô ironizando?????
      Tô falando sério!!!!!!!!
      Estou abdicando do meu posto de mulher moderna....
      Alguém se habilita?
                                   (Autora Desconhecida)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

SE EU MORRER ANTES DE VOCÊ ...

Se eu morrer antes de você, faça-me um favor: 
Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado.
Se não quiser chorar, não chore.
Se não conseguir chorar, não se preocupe.
Se tiver vontade de rir, ria.
Se alguns amigos contarem algum fato a meu 
respeito, ouça e acrescente sua versão.
Se me elogiarem demais, corrija o exagero.
Se me criticarem demais, defenda-me.
Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam.
Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo.
Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo
útil a você, lá onde estiver.
E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase:
"Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus !"
Aí, então, derrame uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal. 
Outros amigos farão isso no meu lugar.
E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu.
Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus.
Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele.
E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui Ele nos preparou.
Você acredita nessas coisas ?
Então ore para que nós vivamos como quem sabe  que vai morrer um dia, e que morramos como quem  soube viver direito.
Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo.
Mas, se eu morrer antes de você, acho que não vou estranhar o céu...
"Ter sido seu amigo ... já é um pedaço dele!"

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

HOMENAGEM AO MEU IRMÃO AIMORÉ

Aimoré dos Santos Peixoto
31-01-1948   /  22-10-2011
QUANDO  "EU" NÃO MAIS EXISTIR

Quando "Eu" não mais existir,
procure-me nas flores. Eu serei
o perfume  daquela que você toca.

Quando "Eu" não mais existir,
procure-me na noite. Eu serei a brisa
a penetrar-lhe a alma.

Quando "Eu" não mais existir,
procure-me na chuva. Eu serei
os pingos que caem no seu rosto.

Quando "Eu" não mais existir,
procure-me nas estrelas. Eu estarei
numa delas, só para lhe dizer: Boa noite!

Quando "Eu" não mais existir,
procurem-me no lago. Eu serei seu próprio
reflexo, só para contemplá-lo.

Quando "Eu" não mais existir,
procure-me em si mesmo. Eu estarei
sempre em seu pensamento.

Quando "Eu" não mais existir,
procure-me nos campos. Eu serei um
pássaro que canta nossa música.

Quando "Eu" não mais existir,
Procure-me nas estrelas do infinito.
Eu estarei lá rezando por todos nós.

Quando "Eu" não mais existir,
procure-me no mar. Eu serei as ondas
que virão ao seu encontro, só para lhe dizer:
EU AMO A TODOS VOCÊS.

          Preza-te, Senhor, que os nossos desejos sempre se efetivem. Curvamo-nos perante a tua sabedoria infinita. Que em todas as coisas que nos escapam à compreensão, se faça a tua vontade e não a nossa, pois somente queres o nosso bem e, melhor do que nós, sabes o que nos convém. Dirigimos-te esta prece, ó Deus, por nós mesmos e também por todas as almas sofredoras, encarnadas e desencarnadas, pelos nossos amigos e inimigos, por todos os que solicitem a nossa assistência.
              Para todos, suplicamos a tua misericórdia e tua bênção.
                                                    
AIMORÉ DOS SANTOS PEIXOTO

      Nascido em 31 de janeiro de 1948, em Jaguari/RS, e falecido em 22-10-2011, em Santa Maria /RS. Era filho de Francisco da Silveira Peixoto e Isolete dos Santos Peixoto; neto de Álvaro da Silveira Peixoto e Alexandrina da Silveira Peixoto, Manoel dos Santos e Amanda Garcia dos Santos. 
   Tinha três irmãs: Nadir Peixoto e Nair Peixoto Herte (falecida),  filhas do primeiro casamento de seu pai com Docelina Sampaio, e Iara Peixoto Machado, filha, como ele, do casamento de seu pai com Isolete. 
      Era casado com Ester Nunes Peixoto, com a qual tinha três filhos: Rodrigo, Angélica e Larissa e, também, uma netinha, Isabela, filha de Angélica e Renato.
        Aimoré foi um filho e irmão amoroso, um chefe de família  dedicado e extremoso para com os seus. Como profissional,  foi colega e funcionário estimado. Pessoa muito conhecida em Jaguari, chamava a atenção por seu temperamento alegre e brincalhão: tinha sempre uma “tirada” engraçada para cada um, um “causo” ou uma piada para contar. 
       Era amigo de todos, não importando se pobre ou rico, figura de destaque ou pessoa humilde: com todos conversava, brincava e tratava bem. Por isso, foi muito estimado na comunidade jaguariense.  Adorava caçar e pescar, desde menino, e assim conhecia os cerros de Jaguari como ninguém. Amava muito a sua terra natal, Jaguari, tendo se afastado dela apenas por duas vezes, por motivo de trabalho: Crissiumal (Banco Meridional) e Tupanciretã (Banco do Brasil). Agora, descansa em paz na sua tão amada Jaguari, junto com os bisavós, avós, pais e tios.
          Meu irmão amado, a inesperada doença que se abateu sobre ti em 2010, fez com que te déssemos  valor mais ainda do que antes. Foste um lutador corajoso, que encarou de frente a batalha e não esmoreceu até o último minuto. Mas o inimigo foi implacável e uma doença oportunista desencadeou todo um processo que minou o teu organismo ( já fragilizado pelo “grande dragão”) e te colheu de súbito, quando ainda tínhamos esperança de uma recuperação.  Estamos sofrendo, mas acreditamos firmemente que, se Deus quis que assim fosse, foi para te poupar de sofrimentos maiores num amanhã.
       Descansa em paz nos braços de Deus, que ele saberá te dar a recompensa que mereces pelo homem bom, amoroso e amigo que foste em vida. Nós, aqui, ficaremos contigo para sempre dentro dos nossos corações.
            Felizes os que são amados, porque não morrem nunca!
            Com o amor eterno da tua mana   
                                                                              LALA.

sábado, 15 de outubro de 2011

O VALOR DE SER EDUCADOR

Para todos os colegas, neste nosso Dia do Professor:

Ser transmissor de verdades,
De inverdades...
Ser cultivador de amor,
De amizades.
Ser convicto de acertos,
De erros.
Ser construtor de seres,
De vidas.
Ser edificador.
Movido por impulsos,
por razão, por emoção.
De sentimentos profundos,
Que carrega no peito
o orgulho de educar.
Que armazena o conhecer,
Que guarda no coração o pesar
De valores essenciais
Para a felicidade dos “seus”.
Ser conquistador de almas.
Ser lutador,
Que enfrenta agruras,
Mas prossegue,
vai adiante, realizando sonhos,
Buscando se autorrealizar,
Atingir sua plenitude humana.
Possuidor de potencialidades.
Da fraqueza sempre surge a força,
Fazendo-o guerreiro.
Ser de incalculável sabedoria,
Pois “o valor da sabedoria
é melhor que o de rubis”.
É...
Esse é o valor de ser educador.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A LÍNGUA PORTUGUESA AGRADECE (e nossos ouvidos também!)

Recebi de uma amiga e achei interessante  repassar.
Mesmo que você saiba de todas essas formas corretas, passe adiante,  pode ser útil para outras pessoas.  Se circula tanta bobagem pela internet, porque não circular coisa útil?

1.Nunca diga:
- Menas (sempre menos)
- Iorgute (iogurte)
- Mortandela (mortadela)
- Mendingo (mendigo)
- Trabisseiro (travesseiro) - essa é de doer, hein!
- Cardaço (cadarço)
- Asterístico (asterisco)
 - Meia cansada (meio cansada)
Lembre-se:   
Mal X  Bem  /  Mau X Bom
- Trezentas gramas (a grama pode ser de um pasto). Se você quer falar de peso, então é O grama: portanto, trezentOs gramas.
- Di menor, di maior (é simplesmente maior ou menor de idade).
- Beneficiente (beneficente - lembre-se de Beneficência Portuguesa)



- O certo é BASCULANTE e não VASCULHANTE, aquela janela do banheiro ou da cozinha.
- Se você estiver com muito calor, poderá dizer que está "suando" (com u) e não "soando", pois quem "soa" é sino.
- A casa é GEMINADA (do latim geminare = duplicar) e não GERMINADA que vem de germinar, 
nascer, brotar. 
- O peixe tem ESPINHA (espinha dorsal) e não ESPINHO. Plantas têm espinhos.
- PROBLEMA e não POBLEMA ou POBREMA  (deixe isso para o Zé Dirceu)
- A PARTIR e não À PARTIR
- O certo é HAJA VISTA  (que se oferece à vista) e não HAJA VISTO.



- A PARTIR e não À PARTIR
- POR ISSO e não PORISSO  (muito comum nas páginas de recado  do orkut, junto com o "AGENTE pode marcar algo..." Se é um agente, ele pode ser secreto, aduaneiro, de via-gens...)     A  GENTE = NÓS
- Homens dizem OBRIGADO  e mulhe-res OBRIGADA.
- "FAZ dois anos que não o vejo“ e não “FAZEM dois anos”.
- "HAVIA muitas pessoas no local" e não "HAVIAM”.
- "PODE HAVER problemas" e não "PODEM HAVER...."   (Os verbos fazer e haver são impessoais, quando se referem a tempo passado. E o verbo haver significando existir também é.)


- O certo é CUSPIR e não GOSPIR.
- HALL é  RÓL, não RAU, nem AU. 
- Para EU fazer, para EU comprar, para EU comer e não para MIM fazer, para MIM comprar ou para MIM comer...    (mim não conjuga verbo, apenas "eu, tu, eles, nós, vós, eles")
- Você pode ficar com dó (ou com um dó) de alguém, mas nunca com "uma dó"; a palavra no feminino é só a nota musical (do, ré, mi, etc. )
- As pronúncias: CD-ROM é igual a ROMA sem o A. Não é CD-RUM (nem CD-pinga, CD-vodka etc).  ROM é abreviatura de Read Only Memory - memória apenas para leitura.

2. E agora, o horror divulgado pelo pessoal do TELEMARKETING:
Não é                                                 
E sim

“Eu vou ESTAR mandando”
“Vou ESTAR passando”
“Vou ESTAR verificando”

Eu vou MANDAR
Vou PASSAR
Vou VERIFICAR
(muito  mais  simples,
elegante e  CORRETO).
- Ao telefone não use: Quem gostaria? (É de matar...)
- Não use: peraí, aguenta aí, só um pouquinho (prefira: Aguarde um momento, por favor)
- Por último, e talvez a pior de todas: Por favor, arranquem os malditos SEJE e ESTEJE do seu vocabulário (estas palavras não existem!!)
- Não é elegante você tratar ao telefone, pessoas que não conhece, utilizando termos como: querido(a), meu filho(a), meu bem, amigo(a)... (a não ser que você esteja ironizando-a(o).  Utilize o nome da pessoa ou senhor(a).










Agora, explicações de algumas expressões que usamos e nem sempre 
sabemos   de onde se originaram:
NAS  COXAS
As primeiras telhas do Brasil eram feitas de argila moldada nas coxas dos escravos.Como os escravos variavam de tamanho e porte físicos, as telhas ficavam desiguais.Daí a expressão fazendo nas coxas, ou seja, de qualquer jeito. 
VOTO  DE  MINERVA 
Na Mitologia Grega, Orestes, filho de Clitemnestra, foi acusado de tê-la assassinado.
No julgamento havia empate entre os jurados, cabendo à deusa Minerva, da Sabedoria, o voto decisivo. O réu foi absolvido, e Voto de Minerva é, portanto, o voto decisivo. 
CASA  DA  MÃE  JOANA 
Na época do Brasil Império, mais especificamente durante a menoridade de Dom Pedro II, os homens que realmente mandavam no país costumavam se encontrar num prostíbulo do Rio de Janeiro cuja proprietária se chamava Joana. Como, fora dali, esses homens mandavam e desmandavam no país, a expressão casa da mãe Joana ficou conhecida como sinônimo de lugar em que todos mandam.
CONTO  DO  VIGÁRIO 
Duas igrejas de Ouro Preto receberam, como presente, uma única imagem de determinada santa, e, para decidir qual das duas ficaria com a escultura, os vigários apelaram à decisão de um burrico. Colocaram-no entre as duas paróquias e esperaram o animalzinho caminhar até uma delas. A escolhida pelo quadrúpede ficaria com a santa. E o burrico caminhou direto para uma delas... Só que, mais tarde, descobriram que um dos vigários havia treinado o burrico, e conto do vigário passou a ser sinônimo de falcatrua e malandragem.
A  VER  NAVIOS 
Dom Sebastião, jovem e querido rei de Portugal (sec. XVI), desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos. Provavelmente morreu, mas seu corpo nunca foi encontrado. Por isso o povo português se recusava a acreditar na morte do monarca, e era comum que pessoas subirem ao Alto de Santa Catarina, em Lisboa, na esperança de ver o Rei regressando à Pátria. Como ele não regressou, o povo ficava a ver navios.
NÃO  ENTENDO  PATAVINAS 
Os portugueses tinham enorme dificuldade em entender o que falavam os frades italianos patavinos, originários de Pádua, ou Padova. Daí que não entender patavina significa não entender nada.
DOURAR  A  PÍLULA 
Antigamente as farmácias embrulhavam as pílulas amargas em papel dourado para melhorar o aspecto do remedinho. A expressão dourar a pílula significa melhorar a aparência de algo ruim.
SEM  EIRA  NEM  BEIRA
Os telhados de antigamente possuíam eira e beira, detalhes que conferiam status ao dono do imóvel.  Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura.  Estar sem eira nem beira significa que a pessoa é pobre e não tem sustentáculo no raciocínio. 





























terça-feira, 11 de outubro de 2011

EU AINDA CHEGO LÁ

       Estou repassando para vocês uma engraçada e interessante crônica da atriz Ingrid Guimarães sobre os nossos problemas com o tempo. Leia, vale pela fundo de realidade.                                                          

        Sempre achei que ser mulher requer muito tempo. Primeiro, porque gostamos de coisas que tomam nosso tempo: se arrumar, conversar, cuidar, falar e amar. Quantas vezes perdi uma tarde inteira numa liquidação, uma noite ouvindo o desabafo de uma amiga e horas e horas falando sobre o amor ou simplesmente amando? Porque a gente, quando tem uma noite de amor, só quer falar disso nos dias seguintes. Arrumar também detona tempo. Arrumar a casa, a obra, a vida, a si mesma. Sem falar nas horas pagas que gastamos na terapia. Depois de se arrumar, a gente sempre acaba cuidando de alguém: de cachorros a filhos, passando por maridos e avós. Meu pai dizia que só queria filhas mulheres, porque mulher tem dom de cuidar. Ele teve três filhas, que cuidaram dele até o fim, e a saga continuou com cinco netas, que certamente vão cuidar dos pais.
            Tem outra coisa que engole o tempo e que mulher faz muito bem: pensar.
      "O Carlos estava tão esquisito hoje, tenho que deixar dinheiro pra feira, estou envelhecendo, saudades da Paulinha, é aniversário da vovó, vestido lindo, minha unha está péssima, meu  pai não está legal, preciso malhar,  que mundo violento, como o tempo passa, Maria se separou, vou ligar pra ela, preciso falar sobre isso na terapia, amanhã tem pilates. "
          Pensamentos gastos numa noite acordada, numa rua engarrafada ou na esteira suada. Ou, enquanto pega  e-mails, ela manda uma mensagem de texto e entra no Facebook. Não acho que mulher faz dez coisas ao mesmo tempo por insanidade, e sim por necessidade. Para ganhar mais tempo para si e para o outro.
          E, quando a gente acha que está ganhando do tempo, vem marido e filhos e um monte de teorias: de que o casamento tem que ser regado todos os dias (o que detona tempo e paciência), e isso significa transar com ele pelo menos três vezes por semana, ser romântica, ficar bonita e conversar.
         Outra teoria muito usada e incentivada pela culpa é de que o filho tem que ter atenção absoluta, caso contrário cresce inseguro (nessa teoria, vai toda uma vida).
A última e mais cruel teoria é de que conquistamos um mercado de trabalho machista e competitivo, portanto a hora de trabalhar é agora, porque o mercado é cruel com os mais velhos e é preciso se reinventar a todo o momento. (Aí, se perde, além de tempo, toda a calma interior que nos resta.)
       Como amar os filhos, transar com o marido, trabalhar o dia inteiro, malhar, se cuidar, organizar a casa, trocar a babá e se reinventar em 24 horas?
         Se for só mãe, não vou me sentir realizada profissionalmente! Se for workaholic, vou ser péssima mãe!
Se não me cuidar, meu marido vai me largar! Se não organizar a casa, ela não anda! Se me preocupar demais, pode prejudicar a saúde! E, para ser saudável, tenho que viajar e relaxar! Mas organizar viagem toma tempo!!!!!  Ainda sobram os amigos e a família.
      De vez em quando, penso que, se o dia tivesse mais quatro horas, metade dos meus problemas estaria resolvida. Sobrariam mais uma hora pra minha filha, outra para mim e as outras duas para ir ao cinema com meu marido (filme de três horas está fora dos planos). Ainda faltariam mais uma horinha de sono, outra para fazer um check-up, ler um livro e pensar na vida.
        Todo dia, faço uma listinha do que tenho que fazer no dia seguinte, ao longo do dia vou riscando meus compromissos com orgulho de um atleta batendo seu próprio recorde. Ao fim do dia, quando a listinha está toda assinalada, sinto um prazer quase sexual em saber que eu consegui cumprir tudo. Pego uma folha branca e recomeço a minha luta do dia seguinte.
         Tenho também uma lista paralela, que fica guardada, essa sem tempo estabelecido, para quando tiver tempo. Nessa, se incluem coisas como; arrumar armários, doar roupas, organizar fotos, ler livros, meditar, trocar o sofá, consertar a bicicleta, fazer um curso e aprender uma receita. Essa lista existe há anos, e todo ano renovo, colocando mais um item: ter mais tempo. Às vezes, engano o tempo fazendo "a prova do ou". Ou vou à ginástica ou durmo, ou levo minha filha à escola ou à natação, ou vou visitar minha mãe ou minha irmã. Ou durmo ou namoro. E perco um tempão escolhendo o que é melhor para aproveitar o tempo.
        A gente reclama que não tem tempo, mas esquece que, há pouco tempo, a gente tinha que ir a um orelhão para telefonar, parar para escrever uma carta, levar ao correio e esquentar uma comida na panela. Hoje, o celular, a internet e  micro-ondas encurtaram o tempo, e eu tenho a sensação de que tenho menos tempo ainda.
          A vida se tornou barulhenta. Às vezes, tenho saudade de gastar tempo com o silêncio, de ouvir uma música inteira, de não ter que fazer nada, de ter tempo para tristeza, de não ter caneta para anotar meus afazeres, que eram apenas afazeres. Tempo para ser complexa. Para chorar e me recuperar sem ter que colocar uns óculos e sair correndo. Eu desligava o celular e desligava a mim. Hoje, se quiser me desligar, nem sei mais onde fica o botão. Não tenho mais tempo para sentir o tempo. Talvez porque a gente tenha se ocupado demais para suprir nossos desejos que a gente nem tem tempo de saber quais são. E hoje a frase que mais repito : "Não dá tempo".
          Porque será que na infância a gente não pensava no tempo? E, na adolescência, a gente queria que ele passasse rápido? Por que será que os homens só pensam no tempo quando aparecem os cabelos brancos?
         Mas eu queria saber mesmo é quem inventou que  o dia tem só 24 horas? Quem fez essa conta errada? Algum homem, é claro, casado com alguma mulher que consegue cumprir sua listinha todos os dias.