quinta-feira, 2 de junho de 2011

PAZ


             Paz: artigo de luxo. É o que mais se quer, o que mais se procura, pessoas se vestem de branco, empunham cartazes e pedem paz no morro, paz nas escolas, paz em todo lugar onde haja possibilidade de conflito.
                As manifestações são muito bem-intencionadas, por vezes emocionantes, mas  a opinião pública infelizmente não tem poder de veto, apenas pressiona. Se as pessoas realmente querem ser úteis, poderiam começar tentando ficar em paz consigo mesmas e com os outros, uma coisa que parece tão comum e quê na verdade é tão rara.
                 Paz se pratica no dia-a-dia, dentro da família, com os amigos, no local de trabalho, nas filas, no trânsito. Não adianta vestir branco numa passeata e depois  soltar os cachorros em quem lhe cruzar a frente do carro, O que mais se vê é gente que se diz do bem, mas que no cotidiano abusa da grosseria.
                  Quer fazer alguma coisa pelo mundo? Comece deixando os outros em paz.  Nós sempre temos uma alfinetadinha guardada na manga, uma fofoquinha aparentemente indolor para passar adiante, uma criticazinha construtiva para doar  generosamente Se fôssemos pacifistas mesmo, saberíamos que nem toda intromissão é bem-vinda e seríamos parceiros apenas nas risadas, confidências,dores  e entusiasmos, o que já é bastante coisa.       
                   E trate de cuidar de sua paz também. Estar em paz é aceitar serenamente que você não tem todas as armas para conquistar tudo que deseja: Você é um sujeito heroico dentro do possível. Costuma ir  à  luta por um emprego, por um  amor, por uma grana, por objetivos razoáveis, e quando não dá certo, não dá, e  quando erra, paciência, e quando acerta, oba, e quando está cansado, se reco- lhe, e quando está triste, chora, e quando está alegre, vibra, e quando enxerga longe, vai em frente, e quando a visão embaça, freia, e quando está sozinho,
chama, e quando quer continuar sozinho, não chama.
                    Primeiro passo para  a  paz: reconciliar-se consigo próprio. É o que a gente  pode fazer de mais concreto, por mais abstrato que pareça.
                                                                     
                     (Martha Medeiros, jornal Zero Hora Fragmento de texto, adaptado.)





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