quarta-feira, 1 de agosto de 2012

NOSSOS FILHOS


LEITURA CONSTRUTIVA
    Contar histórias é muito bom, mas lê-Ias do jeitinho que foram criadas é ainda melhor para familiarizar seu filho com a linguagem escrita e estimulá-lo a se tornar um leitor. "Bastam apenas dez ou 15 minutos por dia.Os pais devem escolher livros de que eles também gostem, apontar as figuras e repetir a história quantas vezes a criança pedir. Assim, ela conseguirá reconstruir a narrativa mesmo quando estiver sozinha", ensina Cristina Nogueira Barelli, coordenadora do curso de pedagogia do Instituto Singularidades, em São Paulo. No período de alfabetização, sublinhar com os dedos as letras e palavras lidas irá aprimorar a habilidade do pequeno, de acordo com um estudo divulgado em abril pela Universidade de Ohio, nos Estados Unidos.

PRESSÃO  POSITIVA
   Uma pesquisa da Universidade Radboud, na Holanda, com jovens de 14 e 15 anos reafirma que os populares da turma são modelos para seus pares. No que diz respeito ao consumo de álcool, a influência dos que não bebem é ainda maior. A pesquisadora Zila Van der Meer  Sanchez, da Universidade Federal de São Paulo, diz que essa pressão positiva do grupo vale para todas as situações de risco. Antes da faixa etária estudada, o principal exemplo vem da família.

SOBMEDIDA
     Elogios personalizados, como "Você organizou seu quarto direitinho", surtem grande efeito em crianças de 4 a 7 anos, segundo pesquisa da Universidade de Ilinois, nos Estados Unidos. "Já os genéricos, como "Todas as meninas da família são boas bailarinas",geram comparações e não reforçam a confiança", diz a psicanalista Elizandra Souza, de São Paulo.

FALSA  PROTEÇÃO
Cuidado com o uso contínuo de sabonetes bactericidas. "As mães pensam estar protegendo os filhos, mas ocorre o contrário", alerta o dermatologista Mário Chaves, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. O produto elimina germes, mas leva junto a camada de lipídio e os micro-organismos que compõem a flora natural e protegem a pele, impedindo que cepas agressivas se multipliquem. "O resultado é resseca mento e coceira, com um risco maior de dermatites atópicas."

ALERTA
    Muitos adolescentes abusam de isotônicos sem saber os danos que causam. ':Ácidos, eles provocam erosões no esmalte e dificultam a autolimpeza dos dentes", diz a odontopediatra Sucena Matuk Long, da Universidade Metodista de São Paulo, confirmando um alerta de maio da publicação americana General Dentistry. Para atenuar o efeito nocivo,ensine seu filho a só consumir essas bebidas geladas e aguardar no mínimo 30 minutos antes de escovar os dentes. De imediato, vale bochecha r com água ou mascar chicletes sem açúcar.

FATOR ZEN
    Seu adolescente é agitado e dispersivo? A ioga pode ajudá-Io a ficar mais concentrado e reflexivo, segundo um estudo piloto divulgado em abril pela Harvard Medical School, nos Estados Unidos. Constatou-se que os jovens iogues também controlam mais a raiva e tornam-se menos ansiosos e pessimistas. As melhores modalidades são as tradicionais e devem ser praticadas diariamente - é preferível treinar 5 minutos todos os dias do que fazer uma hora inteira uma vez por semana.

DILEMA DE MÃE
  Tenho um filho de 15 anos que gosta de estudar,  é responsável e não vive em baladas. Ironicamente ando preocupada com isso. Será que ele é dócil e imaturo demais?

    Hoje, não existe uma fórmula de adolescência que sirva a todos. E o fato de seu filho ser "certinho", longe de indicar imaturidade, pode ser sinal de que já elegeu seus focos de interesse e investe energia neles.
   "Há toda uma fatia de jovens quietinhos, estudiosos e voltados à competição intelectual. Eles miram uma posição profissional estável e se preparam para conquistá-La. Se o garoto está feliz, tem amigos e cultiva alguma atividade - seja social, esportiva, artística ou científica -, não tem por que se preocupar", diz Hélio Deliberador, professor de psicologia social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
   Para afastar as dúvidas, comece refletindo sobre suas expectativas em relação ao significado de ser jovem. Lembre que a sociedade e os meios de comunicação fazem uma pressão enviesada sobre os pais propagando a ideia de que a juventude é o momento de andar na contramão. A questão é: de onde vem essa crença e por que ela se sustenta?
   A origem estaria nas décadas de 1960 e 1970, quando o mundo vivia uma realidade marcada pela polarização nas ruas, era comunismo versus capitalismo e, em casa, obediência irrestrita versus flexibilização dos papéis familiares. A contestação era a única saída para expressar vontades e divergências. Só que esse contexto mudou, se diversificou, e a rebeldia perdeu sustentação ideológica. Paralelamente, a internet e as redes sociais trazem para o jovem a experiência de um mundo pluralizado. "Ele ainda precisa se firmar e encontrar um papel para si na comunidade adulta. Só que já não existe um modelo a ser seguido. O contato com a diversidade de vivências e opiniões torna mais complexa (e tardia) a entrada na vida adulta, mas também favorece a flexibilidade e a tolerância", afirma o psicólogo.
   Com o mundo literalmente ao alcance das mãos, o jovem não precisa mais se diferenciar pela agressividade, pela negação ou pelo risco. "No entanto. herdou um estereótipo que confunde liberdade com rebeldia vazia. Ancorados nele, muitos embarcam em comportamentos de risco com a falsa impressão de que fazem parte dessa fase da vida e podem ser facilmente deixados de lado quando não servirem mais", diz Deliberador. "Há uma tendência de banalizar coisas como drogas, álcool e sexo inseguro como se fossem experiências normais e, portanto, pouco preocupantes. Mas os pais não devem se iludir com essa falsa normalidade. Cabe a eles o papel de informar e transmitir valores saudáveis para os filhos", adverte a psicóloga Angélica Capelari, professora da Universidade Metodista de São Paulo. Em outras palavras, reveja seus conceitos de adolescência. Observe os jovens reais com os quais convive, abra a casa para os amigos do seu filho. Pense: será que ele é mesmo tão diferente? Ainda que seja, está satisfeito com o que faz, vai bem na escola e convive com irmãos ou amigos? Alimente o diálogo e não desanime se ele for econômico nas confidências. A proximidade e seu amor de mãe sempre serão os melhores canais para você se certificar se seu garoto está indo pelo caminho certo.
                (Suzana  Lakatos - Revista CLAUDIA, julho de 2012)

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