quinta-feira, 17 de março de 2011

LITERATURA MILIONÁRIA


          A inglesa J.K. Rawling, a mãe do bruxo Harry Potter, e  a americana Stephenie Meyer, criadora dos vampiros de Crepúsculo, conseguiram fazer a mágica de transformar literatura em uma máquina de fazer dinheiro. Hoje, são as escritoras mais poderosas do mundo
          Ela não são habitués das colunas sociais; não se destacam pela beleza e glamour, nem aparecem em balneários badalados com bonitões a tiracolo. Mas poucas mulheres têm tantos e tão fiéis seguidores ao redor do mundo e construíram impérios milionários sobre os pilares de suas sagas. Em lista divulgada pela revista Forbes recentemente, as duas escritoras aparecem entre os dez autores mais bem pagos do mundo entre junho de 2009 e junho de 2010 - ou melhor, entre os que mais faturam com a literatura.
         Embora pertençam a esferas diversas do mundo sobrenatural, o segredo é o mesmo: nos dois casos, a literatura funcionou como ponto de partida para o surgimento de duas das mais valiosas franquias do mundo, que transcendem em valores o mercado editorial reservado ao restante dos mortais escritores. 
          Ao todo, a série Harry Potter produziu, desde 1997, sete livros e oito filmes - destes, apenas a segunda parte do oitavo não estreou. Somando as vendas dos livros com as bilheterias de cinema, o faturamento total bate em 5,3 bilhões de dólares. Só no "primo pobre" da equação, o mercado editorial, as vendas chegam a 400 milhões de exemplares, traduzidos para nada menos que 67 idiomas. Adicione aí áIbuns de figurinhas, fantasias, camisetas, canecas, cadernos e uma infinidade de tranqueiras e você entenderá como a mágica acontece. Para ser comercializado, tudo isso tem de passar pelo rigoroso crivo da criadora. É por tudo isso que Rowling aparece em outra lista da Forbes, como a segunda mulher mais rica do mundo, atrás somente da multiempreendedora Oprah Winfrey e à frente de gente como Martha Stewart e Madonna. Com uma fortuna estimada em 1 bilhão de dólares, ela é simplesmente a primeira escritora bilionária da história. E isto vai aumentar, pois. em julho de 2010, a Universal Studios abriu, em um de seus parques, em Orlando, O Mundo Mágico de Harry Potter, uma ilha da fantasia digna do castelo de Hogwarts. Foram dez anos entre projetos e obras em 89 mil metros quadrados, totalizando um investimento de 265 milhões de dólares, envolvendo dezenas de arquitetos e designers. A expectativa é que passem por lá, só neste ano, 4,5 milhões de pessoas, gerando lucros que vão muito além dos livros da saga A ideia do parque é fazer com que os fãs se sintam dentro do mundo de Harry Potter, podendo tanto jogar quadribol num radical simulador 3D quanto provar a cerveja amanteigada das historias do livro. Rowling supervisionou tudo bem de perto, fechou contrato com a Universal (dona do parque) e a Warner Bros. (detentora dos direitos para cinema), provou a cerveja e mandou mudar a base de pedra de Hogwarts por achá-la pouco "realista" - se é que essa é uma palavra apropriada para o tema. Sozinhas, as cifras do negócio já são espantosas, imaginem somando-se tudo.
          Já a saga Crepúsculo, de Stephenie Meyer está distante, mas está chegando perto - e é bom lembrar que o fenômeno, iniciado em 2005, é mais recente. Atualmente, a escritora aparece (em outra lista da Forbes) em 59º lugar no ranking das 100 celebridades mais influentes do mundo, lado a lado com o galã George Clooney e a veterana Cameron Diaz. Em seis anos, foram vendidos 100 milhões de exemplares dos quatro títulos da série. Já os três filmes lançados até agora, estrelados pelos queridinhos do público, Robert Pattinson e Kristen Stewart, fazem mais barulho ainda. Somados, Crepúsculo, Lua Nova e Eclipse acumulam quase 800 milhões de dólares. Este último arrecadou 68,5 milhões apenas no dia de estreia nos Estados Unidos. E vem mais por aí: neste ano, sai a primeira parte da adaptação do quarto filme, que, como o último Harry Potter, também será dividido em duas partes.
          Em quase tudo, aliás, Meyer e Rowling se assemelham. A franquia Crepúsculo se espalha, como Harry Potter, pelas lojinhas. Edward Cullen e Bella Swan estampam camisetas, jóias, cosméticos, chinelos, bolsas,bonecos, etc. E o que falta não tarda a chegar - neste mês, por exemplo, será lançada uma versão em quadrinhos dos livros.
          As duas escritoras também são zelosas com suas crias, acompanham as gravações e dão palpites até dizer chega. Meyer esteve no ano passado no Brasil, acompanhando as gravações do próximo lançamento. Rowling, por sua vez, fez questão, desde o início, de que todos os atores escalados para os papéis fossem ingleses, para que os filmes fossem mais fiéis à obra.
         Se na seara dos negócios as autoras trilham percursos semelhantes, elas se mostram diferentes na administração da vida pessoal repentinamente endinheirada. Mórmon, membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a ex-professora de inglês Stephenie Meyer continua levando uma vida relativamente simples na árida Cave Creek, cidadezinha de 5 mil habitantes nos arredores de Phoenix, no Arizona, onde mora com o marido e três filhos pequenos.                          Com  J. K. Rowling , a história é bem diferente. Também alçada repentinamente ao sucesso, a mulher de 1 bilhão de dólares não se faz de rogada. Entre suas aquisições no período pós-Harry Potter, estão um jatinho particular; uma mansão de 7,2 milhões de dólares em Kensington, Londres; uma casinha para os fins de semana, com seis quartos, na bucólica Perthshire, na Escócia; e uma terceira, de 3,2 milhões de dólares, em Edimburgo, também na Escócia, onde mora a maior parte do tempo com o marido e três filhos. Gosta de vestir Vivienne Westwood, calçar Jimmy Choo e carregar nas mãos bolsas Dior, Prada e Marc Jacobs.
          Como boa celebridade zilhardária, também está no negócio da filantropia - doou 35 milhões de dólares para a organização britânica Comic Relief, que faz trabalhos humanitários em diversas partes do mundo. Nada mal para quem também saiu pobre de cidade pequena, morava em um apartamento infestado de ratos, ganhava 100 dólares por semana, enquanto servia café em um bar, cuidava da filha pequena e escrevia um livro sobre um certo bruxinho.

                                                                                 FONTE: Revista LOLA, nº  6, março de 2010.

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