sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

FÉRIAS!! FÉRIAS??

Divirta-se com mais uma crônica de Danuza Leão, desta vez sobre a dona de casa  na praia.

      Este ano decidi alugar uma casa na praia por 15 dias para não fazer nada a não ser tomar sol e mergulhar no mar azul, comendo só peixe e camarão. Depois de pesquisar os classificados, encontrei uma casinha de pescador, modesta e caríssima, mas um sonho: seria uma temporada sem jornais nem televisão, que maravilha! Convidei alguns amigos queridos e, depois de três horas de viagem, com um trânsito de cão, chegamos, todos ansiosos para começar as atividades tomando uma caipirinha - menos eu, claro, que tive que organizar a casa, a geladeira etc.
     No dia seguinte, enquanto a turma estava na praia, fui providenciar o almoço. Como tinha ouvido falar que na maioria das praias peixe é coisa rara (e, quando aparece, é pelo dobro do preço das cidades grandes), por precaução levei frango, carne e legumes - em lata. Ao tirar o frango do freezer, me arrepiei, pois nunca tinha tocado num frango cru. É horrível. Como uma desgraça nunca vem sozinha, senti, no tornozelo, a presença de um mosquito. Eles surgem quando o vento para, o que significa também a chegada do calor. Férias, como é bom
      Lá pelas 4, chegou a turma contando as aventuras, abrindo a geladeira e perguntando: "E aí, vamos beliscar o quê?" - e esse é um dos mais trágicos capítulos da vida doméstica. As amigas dizendo, da boca para fora: "Quer uma ajuda?", e eu respondendo: "Não, não precisa". Ah, que saudade da solidão da minha casa, onde encomendava por telefone uma pizza e uma Coca.
       Tira-gostos dão mais trabalho do que um banquete de casamento, e é nessa hora que se vê o que é a humanidade. Não adianta oferecer queijos finíssimos, salaminho italiano, patê francês trufado, uma cestinha de biscoitos e faquinhas. O que todo mundo quer são canapês feitos na hora, com queijinho derretido e, se possível, com uma cereja em cima. Mas tudo bem, estamos de férias e firmemente decididos a sermos felizes.
Na primeira semana, os víveres acabaram, e foi feito um sorteio para saber quem iria fazer as compras na cidadezinha mais próxima; bem pertinho, só 40 quilômetros de distância. No próximo ano, pensei, contrato uma empregada por 5 mil reais para ter o direito de não a fazer nada, ou melhor: vou para um hotel, e sozinha.
     Com seis pessoas numa casa pequena, sem ar-condicionado, rolou muito stress, claro, e pela cabeça de cada uma delas passou, pelo menos uma vez, o pensamento: "Ah, como eu queria estar na minha casa".
       Chega, enfim, o dia de voltar. As despedidas são calorosas - nunca existiram pessoas tão felizes, e a estrada  rumo ao lar, ouvindo um CD de João Gilberto, é a própria imagem do paraíso. Que delícia, pensei, botar um sapato alto, ir trabalhar e de novo fazer parte do mundo.
       Voltei exausta e totalmente defasada; sem ler jornal, . o não entendi a crise do euro. Estava 3 quilos mais gorda e com a obrigação de achar que foi tudo maravilhoso. E isso depois de ter passado dias cozinhando e encarando uma pia cheia de louça. Uma casa na praia é ótima,  desde que sejamos hóspedes. Foi quando percebi que estava precisando, urgentemente, de férias! 

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