domingo, 14 de agosto de 2011

AS MÃOS DO MEU PAI


As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis
    sobre um fundo de manchas já cor de terra
na nobre cólera dos justos...
  
       Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
   essa beleza que se chama simplesmente vida.
     E, ao entardecer, quando elas repousam
         nos braços da tua cadeira predileta,
         uma luz parece vir de dentro delas...

  Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
   vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
              como quem junta uns gravetos e tenta
                     acendê-los  contra o vento?
              
               Ah, Como os fizeste arder, fulgir,
                 com o milagre das tuas mãos.
                           E é, ainda, a vida
         que transfigura das tuas mãos nodosas...
         essa chama de vida — que transcende a
                               própria vida...
        e que os
Anjos, um dia, chamarão de alma...

Francisco, meu pai.
Florisbelo, meu sogro.
                                                                

Aimoré, meu irmão.
Álvaro, meu avô.
Manuel,meu avô.
Ubiratan, meu ex-marido.

Bertolo, meu ex-genro.
José, meu cunhado.
                                                                              

                              

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