quarta-feira, 6 de julho de 2011

PAPO DE TÍMIDO


Para os que, como eu, gostam de ler Luis Fernando Veríssimo, reproduzo aqui uma entrevista dada por ele.

Autor dos textos de humor mais amados do Brasil, Luis Fernando Veríssimo fala sobre cositas sempre associadas a ele: piadas, música e timidez.

1. Das mentiras que os homens contam, qual é a que você mais usa?
   "Eu nunca minto."

2 Ser famoso por ser tímido não é uma coisa meio estranha?
   Pois é, ser notado pela timidez não deixa de ser uma contradição. Mas há quem diga que ninguém é mais extrovertido do que um tímido, que sempre acha que está sendo a centro das atenções .

3. O que deixa você de mau humor?
    A injustiça, a prepotência e as derrotas do Internacional. Para curar, só o tempo .

4. Qual confissão você faria para o Analista de Bagé?
    Nenhuma. Tá doida?

5. É mais difícil fazer humor sobre a vida privada em tempos de tanta hiperexposição?
    As pessoas estão se encarregando de fazer suas próprias comédias e expor seus próprios ridículos ... Isso é concorrência desleal.

6. As pessoas esperam que você seja engraçado o tempo todo?
    Tenho certeza de que elas se decepcionam quando me conhecem. Sou a pessoa mais sem graça que conheço.

7. Quando uma piada perde a graça?
     Quando magoa alguém.

8. Você alguma vez sentiu que seu sobrenome pesa mais do que você gostaria?
     O sobrenome nunca foi problema, pelo menos consciente. E é claro que ajudou.

9. Para aliviar a cabeça, é melhor a leitura ou  a música?
    Alívio, a musica, mas as duas coisas fazem bem para a cabeça. Mas separadas: música nunca deve ser apenas de fundo.

10. E na hora do seu desabafo, você prefere escrever ou tocar?
      Tocar. É o que me dá mais prazer.

FALA POUCO, MAS FAZ MUITO.
        Para um tímido célebre, até que Veríssimo se virou bem ao espalhar suas crias Brasil afora. O gaúcho quietao e pai de clássicos como O Analista de Bagé (o psicanalista mais ortodoxo do que a pomada Minancora), A Velhinha de Taubaté ( a única brasileira que ainda acreditava na política brasileira), Ed Mort (o detetive incrivelmente trapalhão) e As Cobras(os répteis cabeça que discutem economia e filosofia). 
       A equipe de LOLA encontrou Veríssimo na casa do escritor, no tranquilo bairro de Petrópolis, em Porto Alegre. A casa foi construída pelo pai, Érico Veríssimo, na década de 40. A fachada é discreta, com um banquinho de madeira e azulejos coloridos formando um mosaico em torno da porta. Ele chegou em casa atrasado, explicando: "Estava dando uma palestra para crianças em um colégio aqui perto". 
       Veríssimo tem quase 70 títulos publicados, entre livros de crônicas, tirinhas, contos, novelas, romances, guias de viagens, poemas, histórias infantis e até uma confissão de amor ao seu time, o Internacional. Também acha tempo para ser músico. É o saxofonista da banda bissexta Jazz 6. E tem quatro CDs gravados

                                           (Por Luísa Dalcin, revista LOLA, nº 10, julho de 2011)

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