sábado, 9 de fevereiro de 2013

PARA ONDE VAMOS?

    O psiquiatra Flávio Gikovate diz que o cotidiano  hoje é  marcado por egoísmo, vaidade e compras. Por PATRÍCIA  ZAIDAN 
    
    Por quatro horas, o psiquiatra e psicoterapeuta Flávio Gikovate e o filósofo Renato Janine Ribeiro falaram sobre a vida nestes tempos de vaidade e alto consumo. O resultado está no livro Nossa Sorte, Nosso Norte (Papirus 7 Mares), que sairá em DVD. Gikovate, que já publicou 25 títulos, tem programa na Rádio CBN e chegou a participar da novela Passione, comenta dilemas atuais.

 Por que as pessoas têm hoje tanta necessidade de ser vistas e de comprar coisas?
Esse é um dos graves reflexos da revolução sexual. Achávamos que a liberação desarmaria os seres humanos, traria democracia, já que todo mundo transaria com todo mundo. Mas virou uma corrida para chamar a atenção do outro. Cresceu a busca pela aparência física, que é amiga íntima do consumismo. Os hippies só queriam amor, sexo, paz e aconchego. Nada parecido com auto erotismo e exibição no Facebook.

E o Facebook atiça a inveja.
 E mexe com a frustração. Estar ali é como ser dono de uma revista de celebridade que publica as próprias notícias. Você vai à praia e põe lá. Compra e posta. Quem não foi e não tem baba. Olhar a vida alheia gera tensão. Não traz felicidade.

Como está a família?
Há muito egoísmo. Gosta-se dela desde que se possa receber mais do que dar. As alianças são feitas entre o generoso e o egoísta. Mas quem só dá anda cansado desse papel. O desafio é equilibrar, alternar.

Por que trabalhamos tanto?
 A vida está mais longa, precisamos de mais dinheiro para custeá-la. Além disso, profissão virou identidade. Você conhece alguém e já quer saber o que ele faz. Nem pergunta se ele ama, se tem filhos, um lazer ... O que é ruim. O Renato diz que não haverá emprego para todos e que trabalharemos três dias por semana para sobrar vaga para os outros. E, na folga, cultuaremos o prazer.

Mulheres se queixam de assumir tudo em casa. É irreversível?
Elas não voltarão a lidar com a casa e continuarão crescendo na carreira. O homem, cada vez mais folgado, mudará. Ele se acomoda pelas facilidades eróticas. Não precisa mais fazer força para ter sexo: chega e leva. O momento é de encrenca geral. Mas minha futurologia é otimista. Estamos em transição: o homem crescerá, se envolverá com casa, filho ... Será bom para todos.

 (Revista CLAUDIA - dezembro 2012 )

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