O
trabalho de pesquisa sobre as novelas de cavalaria do período do Trovadorismo na
Literatura Portuguesa despertaram-me o
desejo de reler mais uma vez As Brumas de
Avalon, romance que causou enorme sucesso nos anos 1980, quando a escritora
americana Marion Zimmer Bradley lançou os quatro volumes que constituem a obra,
a qual conta de forma romanceada a história do Rei Arthur e os cavaleiros da
Távola Redonda, desde os acontecimentos e tramas que levaram ao nascimento de
Arthur até a sua morte, selando o destino da mítica Avalon.
E confesso que foi com um sentimento de pena
que cheguei ao final. Pena de me afastar daquele mundo de magia, de sonho, de
misticismo em que a história está envolta. E isso me fez refletir sobre a
atração que temas desse tipo exercem sobre as pessoas. Creio que é um reflexo
do lado infantil que permanece em todo o ser humano, que vem lá da época em
que, crianças, deixávamos aflorar a nossa imaginação, inventando brincadeiras
de faz-de-conta, imaginando fatos, despertados, talvez, para o mundo da
fantasia pelos contos de fadas e outras historinhas infantis que nos são
contadas pelos adultos.
Todas as pessoas têm em si essa atração
pelo místico, pelo fantasioso, que sempre mexeu com a imaginação do ser humano.
O mundo da fantasia sempre existiu e
sempre existirá. Basta verificar o
quanto têm encantado as crianças, os jovens, e até os adultos, os filmes dos últimos anos, baseados em livros ou não,
como a trilogia de “O Senhor dos Anéis”, com seus homens corajosos, bruxos,
elfos, anões, fantasmas, monstros; as
aventuras incríveis do bruxinho Harry Potter e seus amigos enfrentando os seres do mal; os estranhos
seres azuis de “Avatar”; as lutas e os amores entre vampiros, humanos e
lobisomens da série iniciada com “Crepúsculo. E os heróis como
Super-Homem,Batman, X-Men e outros? Eles enchem
os cinemas e movimentam as locadoras de vídeo.
É a
sede de fantasia, de sonho, do mundo do “faz de conta”, em que a tecnologia
virtual trouxe inspiração para os
escritores e fonte de roteiros para os cineastas, para suprir esta necessidade
humana de saciar a imaginação, o mundo da fantasia. Incluem-se aqui, ainda, o gosto tão popular
pelas novelas de televisão, que são acompanhadas atentamente e seus personagens
comentados como se fossem reais, ao ponto de alguns atores serem quase
agredidos nas ruas devido às atitudes dos personagens que interpretam na
telinha.
É o imaginário do “homo sapiens” sendo
mexido pelo fantasioso. É o nosso “cantinho secreto” do sonho sendo atingido
por uma centelha da fantasia. Porque, pensemos, bem, o que seria de nós, pobres
batalhadores de cada dia, se não tivéssemos a capacidade de sonhar?! Imaginem o
que seria do ser humano se ele não tivesse a imaginação? Se ela não existisse,
como poderíamos criar metas para a nossa vida, criar uma imagem de um futuro
que ambicionamos para nós e aqueles que fazem parte da nossa vida?
Paremos um pouco e pensemos em como seria
um mundo em que não tivéssemos a capacidade de sonhar, um mundo que fosse só
trabalho, só realidade, só pé no chão. Acho que enlouqueceríamos! Principalmente
num mundo como de hoje, em que o dia a dia é luta pela sobrevivência,
competição, violência entrando pelos olhos e ouvidos a todo instante. Se não
tivéssemos a capacidade e a oportunidade de fugir um pouco dessa realidade dura
e, às vezes, chocante; se não tivéssemos a capacidade de sonhar com uma
realidade melhor, com um mundo melhor, creio que perderíamos o estímulo de
viver!
Por isso, a capacidade de
sonhar é que leva as pessoas para a frente, move o mundo, mantém a sanidade mental
do homem. Afinal, não teríamos chegado onde chegamos sem os "loucos maravilhosos" e suas incríveis invenções!
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