Não desejo parecer uma dessas professoras de Língua Portuguesa “gramatiqueiras” e ranzinzas que querem todos falando certinho o tempo todo, mas o desleixo com a nossa língua é cada vez maior e, para atrapalhaR mais ainda, veio essa mania difundida pela mídia, especialmente a comercial, de usar palavras em inglês a torto e a direito, como se todo mundo fosse obrigado a conhecer a língua inglesa! Por isso, posto aqui um interessante texto sobre o assunto.
A língua portuguesa do Brasil, já distinta em tantos aspectos daquelas faladas em outros países, nos confere identidade. Travestida de cultura, de formas brasileiras, tem mantido nossa unidade e eXibido ao mundo a imagem do Brasil e a alma brasileira.
Mas algo de muito preocupante está acontecendo com essa língua.
Por conta de um deformado entendimento de globalização, nossa língua nacional, juntamente com a cultura brasileira, está sendo, de forma muito abrasiva, corroída pela incorporação leviana do inglês no nosso dia a dia.
Há quem diga que isso é reflexo da globalizaçáo e que acontece em todos os países. E que, se o Brasil quiser estar inserir do no cenário mundial deve falar inglês.
Isso é miopia cultural, falta de personalidade. No cenário mundial, quem não tem identidade não se destaca, se torna servil, sem valor.
O inglês deve ser apenas ferramenta de trabalho
Estamos sob o monopólio do Inglês, imposto pelos meios de comunicação e propaganda, onde utilizar o inglês é “cult” e utilizar o português ou “aportuguesar” palavras do inglês é “pobre”. Exagero? Veja o nome dos produtos nacionais, dos eventos, marcas, campanhas e o nome dos estabelecimentos comerciais. No mínimo um desrespeito para com os consumidores que, passivos, aceitam.
Até as universidades, que deveriam ser fóruns de sustentação da cultura nacional, estão apáticas. Artigos e monografias já foram substituídos por “papers”.
Outra afronta são as emissoras de rádio de nível nacional que só transmitem músicas em inglês. Dizem: “O mundo toca aqui”, como se o mundo só falasse inglês. Não questiono a qualidade musical lá veiculada, mas sim o fato de excluir da programação a boa música brasileira, bem como a dos outros países. Divulgar a diversidade, isso sim, seria fazer o mundo tocar aqui.
Paradoxalmente, enquanto tenta-se destacar a marca “Brasil” no Exterior, o turista que aqui aporta cada vez menos encontra o que é autêntico, original. O turismo interno se prepara apenas para falantes do inglês, enquanto oito dos dez países que mais enviam turistas ao Brasil falam línguas latinas. O Brasil está se tomando um daqueles países estereotipados dos filmes americanos que idolatram outro pela negação de si próprios.
Muito mais poderia falar, mas esta se tornaria enfadonha e pareceria peça de alguém radical, xenófobo, ou ingênuo, em defesa da língua portuguesa imaculada, desconhecedor de que qualquer língua viva sofre processos de mutação. Ou ainda de alguém antiamericano ou antiglobalização.
Pelo contrário, reconheço a mutação das línguas e a importância do inglês no mundo globalizado. Defendo seu ensino nas escolas públicas como ferramenta para conquista de emprego, mas condeno seu uso como meio de aculturamento. Acredito mais na importância de nossa língua e cultura, que precisam ser preservadas, porque somos um povo vitima do piores desmandos e rapinagens e não podemos permitir que também a nossa língua seja saqueada.
(DEMETRIO NAZARI VERANI - professor)
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