A Amazônia é conhecida por deter 16% da água doce que é enviada ao mar no planeta. Mas quantidade maior que a vazão diária do rio Amazonas atravessa o país de forma invisível sobre nossa cabeça: são as massas de ar úmido alimentadas pela floretas, que contribuem para o regime de chuvas em quase todo o Brasil. Identificadas há quase 30 anos, essas massas têm sido estudadas nos últimos anos por uma equipe de pesquisadores coordenada pelo engenheiro e aviador Gérard Moss, criador do Projeto Rios Voadores.
EFEITO “BOMBA D’ÁGUA”
Por sua evaporação e condensação, a
Floresta Amazônica “suga” os ventos carregados de umidade do oceano Atlântico
para o interior do continente, produzindo precipitações frequentes na região. A
água das chuvas e do solo é absorvida pela mata e devolvida posteriormente para
a atmosfera na forma de vapor. Apenas uma árvore de grande porte pode colocar
na atmosfera em torno de mil litros por dia em toda a Amazônia
Esse imenso volume realimenta os rios voadores que seguem pela atmosfera em direção à Cordilheira dos Andes (1). Ao encontrar essa grande barreira natural, ´parte das massas de ar se transformam em chuva, formando as cabeceiras dos rios amazônicos (2). Outra parte é empurrada para as regiões Centro-Oeste e Sudeste e Sul do Brasil, abastecendo os recursos hídricos de várias cidades (3).
AR “ENGARRAFADO”
Desde o seu início, em 2003, o projeto conta com o patrocínio da PETROBRAS, por meio Programa Petrobras Ambiental. Seu objetivo é desvendar os segredos dos cursos d’água atmosféricos e levar esse conhecimento à sala de aula. Por meio de materiais didáticos, exposições, palestras e oficinas de capacitação, alunos e professores aprendem que a maior floresta tropical do mundo pode ser comparada a uma imensa bomba d’água. Sem sua cobertura, os dias seriam mais quentes e secos até para quem vive bem distante dela.
Para identificar os “cursos” dos rios
voadores, os pesquisadores desenvolveram um experimento pioneiro: a coleta de
amostras do ar atmosférico. em vários pontos do Brasil, da Amazônia ao sul do
país, com a ajuda de um pequeno avião equipado com coletores externos e de um
balão. Neste, a coleta é feita com uma mangueira que suga o vapor acima da copa
das árvores. O ar úmido é direcionado a um tubo de ensaio no qual é rapidamente
resfriado com gelo seco a 80ºC negativos. Das poucas gotas condensadas no tubo,
as análises buscam determinar de onde veio o vapor de água carregado por aquela
massa de ar.
(Saiba mais sobre os rios voadores em www.rios voadores.com.br)