As
lágrimas foram brotando em cada um como um recado amoroso de que somos capazes
de nos emocionar. De chorar. De perceber a dor das famílias, dos amigos. De uma
cidade inteira. Foi possível entender que, mesmo diante de uma tragédia, é
possível, sim, sermos mais solidários, mais humanos, Fomos capazes de uma
amorosidade que estava escondida em nós mesmos. Estávamos com
vergonha de sermos bons.
A partir deste momento de dor, constatamos que
é possível chorar pelo outro. Por um outro que nem conhecíamos. Ver os estádios
de Medellín e de Chapecó lotados de pes-soas com velas acesas e celulares
ligados foi solicitar de todos nós mais luz em nossas atitudes. Na Europa, um
jogador levanta a camiseta e lá·está escrito "Força". Jogadores de
todos os cantos do mundo usaram a camiseta ou
o distintivo da Chapecoense.
Sim,
foi uma tragédia, Uma comoção, uma perda irreparável, uma dor difícil. Só não
esqueçamos que podemos escrever certo, tomando a decisão de encontrar em cada um
de nós uma solidariedade que dormita à espera de nossa vontade .. Quem..sabe
não fomos surpreendidos com a nossa própria fragilidade quanto seres humanos.
Quando iremos nos despedir desta experiência de vida? Quando partiremos? o que
levaremos para o outro lado?
Não
duvidem: a vida continua. Não só aqui desse lado, mas, principalmente, do outro
lado da vida. Neste fim de semana, façam uma sessão pipoca e assistam o filme “Amor
Além da Vida”, com Robin Willians. Reflitam sobre o que é o amor eterno, para
sempre. Deste e do outro lado da vida.
(José Otávio Binato –
Diário de Santa Maria, 04/12/2016)